Pelos vistos...não.
É sempre difícil quando esperamos uma coisa e de um momento para o outro estamos num ringue de boxe, sem assistência a apoiar, sem árbitro e sem adversário, ainda por cima. Ou quando estamos a andar na rua e começamos a tropeçar em pernas imaginárias que nos tentam pregar rasteiras nada imaginárias. Se calhar tenho tempo a mais nas minhas mãos e se calhar bastavam-me cinco horas por dia para fazer tudo aquilo que não faço em 24. Sim, os dias bem que podiam encolher! Para cinco horas ou menos. O tempo suficiente para acordar e voltar a dormir, comer um gelado (mesmo quem não goste de gelados), correr à volta da àrvore de Natal e descansar depois. Assim não havia tempo para lutas de pugilismo a horas mortas nem para corridas assassinas de cavalos de madeira ao anoitecer. Os duelos servem apenas para esfolar a cara no chão de cinza. Faz(-me) falta limpar a cara do pó e da cinza e olhar para cima; e caminhar sem olhar para o chão, descobrir o que os topos dos prédios escondem. E fazem falta umas tábuas de madeira para tapar um buraco que, de repente, vi abrir-se numa rua do Bairro Alto. Se calhar ainda lá está (espero que não tenha vindo atrás de mim). Não se deixem enganar pelo cheiro doce dos doces. Não caiam.