terça-feira, agosto 29, 2006

Notícia de última hora!

Tan taran tan taran tan tan tan taran tan taran tan tan tan tan tan tan tannnn!

[Genérico]

Com mais de um mês de ausência, está de volta aquilo por que tanto esperastes. Não, não é o regresso de Malato ao horário nobre. Isso é terrível. Para que conste, estou a organizar o ‘Apedrejamento de Malato’ em praça pública. Ali para os lados do Terreiro do Paço. Estava a pensar assim numa coisa em grande. Assim com fogo de artificio sempre que lhe acertássemos na barriga. Barriga, salvo seja, “área-volumosa-na-zona-do-ventre-com-mais-de-oito-metros-de-diâmetro”. Isto é só uma ideia. Concordem? É ‘Concordem?’ e não ‘Concordam?’. Fica bonito, volta e meia, um errozito de concordância. Eu acho que sim.
Mas não é isso que me traz aqui. São os magníficos bolinhos de canela que a minha mãe me mandou hoje para o trabalho. Não, não são nada. Mas também era uma razão válida.

Faço desde já a transcrição daquilo que poderia ser uma qualquer notícia de um qualquer órgão de comunicação social de um qualquer país de um qualquer lado:
“Já vai em 132 o número de acidentes nas estradas portuguesas desde que a GNR iniciou a operação ‘Tempestade no asfalto’, no passado fim-de-semana”.
Muitas ilações podemos tirar daqui.

Primeira conclusão: Quem é que dá os nomes ás operações da GNR? Será alguma criança de 11 anos? Será alguém que quer, pura e simplesmente, brincar? Não sei.

Segunda conclusão: Afinal, o que é que visa a operação? Concluir quantas pessoas se espatifam nas estradas? Pensava eu que era… bem, afinal não pensava nada, porque nunca soube para que é que eram estas operações.

Terceira conclusão: Há que salientar que, e esta é a mais pertinente de todas, só há ocorrências desastrosas nas estradas porque a GNR está lá. Meus caros. Então não é que, só quando dizem que a GNR está nas estradas, a assegurar a operação ‘Pneu a alta velocidade’, é que há acidentes nas estradas? Eu tenho uma solução…

TIREM A GNR DAS ESTRADAS PORTUGUESAS!

Quarta conclusão: Deviam punir os guarda-redes de Andebol que jogam a bola com os pés. Quer dizer… o desgraçado do jogador de futebol nunca pode jogar a bola com as mãos (exceptuando o guarda-redes) e agora o guarda-redes de Andebol, que além de já poder jogar com as mãos, também pode tocar na bola com os pés? Com franqueza. Isto revolta-me.

Não?




Hoje o Michael Jackson faz anos. Tanto trocadilho que se podia fazer com isto. Não farei. Prometo.

Para que se saiba, este texto apenas tem intervalos em branco entre parágrafos para ocupar espaço e para parecer grande. Qualquer composição de um qualquer puto da 2ª classe compete com isto. …e ganha.

sexta-feira, agosto 11, 2006

A Odisseia de Josélito no País da Farfalhuda #20

O Passado está aqui, guardado a sete chaves.

Capítulo XX

Zé Tó tinha um medo mortal e mortífero de tunas. Principalmente daquelas que não conseguem decidir que mulher lhes convém: se a gorda se a magra, se a casada ou a solteira, se a incontinente se a flatulente. Zé Tó começou a correr (e enquanto corria pensou como há muito não caminhava, simplesmente) mas a tuna, ou aquilo que o perseguia pelas planicies alentejanas, teimava em segui-lo à mesma velocidade. E Zé Tó estava cansado. E sabia que no Alentejo não havia espaço para oásis. Parou. Respirou. Levou uma tacada de golfe na nuca e caiu, a sangrar. Acordou num mundo de fantasia em que miniaturas do Michael Jackson dançavam tango acompanhados por gigantes que se assemelhavam à Io Apoloni mas com um problema de macrocefalia. De um lado viam-se canecas do Batatoon a flutuar, do outro janelas abriam-se para vales coloridos onde rituais de acasalamento entre pinguins e várias Serenellas Andrade se sucediam a uma velocidade impressionante. À frente de Zé Tó estava um palco. Nesse palco acontecia um mega-concerto (do género do Live Aid, Live 8, Natal dos Hospitais ou Páscoa na Cadeia de Tires). Num só palco era possível ver Carmen Miranda, Roberto Carlos, Anita Guerreiro (de seu verdadeiro nome Bebiana Cardinali) às cavalitas de Beatriz Costa, Amália Rodrigues e Poupas Amarelo, Isabel Angelino (que balançava uma cadeira em círculos com os dentes como no anúncio da Pasta medicinal Couto), Glória de Matos, Filipe La Féria, Ágata, Mickael Carreira, Merche Romero (sob o efeito de suplementos energéticos) e, em glória, vestido de anjo e em cima de um altar com luzes de Natal, o cantor Marante. Em conjunto, cantavam uma versão tribal africana de "Something" dos Beatles. Zé Tó não entendia onde estava até ver uma placa feita de marshmallows onde se lia: País da Farfalhuda. Zé Tó sentiu-se feliz e começou a correr pelos campos verdejantes juntamente com os clones do Carlos Paião que tinham surgido das tocas. Mas para Zé Tó, já sabem, a felicidade dura pouco. Foi quando este começou a sentir uns vultos a perseguirem-no que ele percebeu que Elsa Raposo tinha razão quando disse: "Há quem não tenha pernas, braços, quem não tenha filhos. Isto é uma migalha. E depois vem um bichinho e come." Ensimesmado pela profundidade reflexiva desta linha de pensamento Zé Tó deixou-se apanhar e fechou os olhos com força. Logo agora que tinha chegado ao País da Farfalhuda. Onde as nuvens são iguais às outras, mas feitas de goma. Onde os palhaços animadores de festas têm outro nome: pedófilos.

Não percam o fio à meada. Breves actualizações sobre o futuro de Zé Tó aqui.

domingo, agosto 06, 2006

Abr'Olho! (ou instruções para uma viagem de muitos anos num qualquer divertimento de férias)

Abre caminho para o mar e para o vento pela estrada à beira da queda. De noite, de dia, a pé ou de carro. Descalço, de preferência, que pés calejados e rebentados nunca fizeram mal a ninguém. Afasta do teu caminho qualquer enlatado. Lulas principalmente. Afasta-te de ti e aproxima-te dos outros e de outros. A aproximação dá-se quando quando a maré baixa se enche. De mar e de algas. Destrói, com preciosismo de ourives, as estacas das tendas como se elas não fossem isso mas uma outra coisa. De manhã tenta acordar depois dos outros, mesmo que para isso tenhas de forçar a sonolência. Não dês espaço aos tempos mortos. Não deixes que pensamentos mortos os ocupem. Da primeira para a segunda etapa do processo existe ainda uma lista considerável de pequenos processos a destruir. Esta é uma época de destruição e de reconstrução de instalações temporárias. Não se aproximem das instalações sanitárias se não confiarem nos seus donos, ou nos seus utilizadores. Ou em buracos no chão. O melhor meio de transporte é um carrinho de choque, desde que se conduza de pé. E um baloiço só é bom se não bateres com os pés no chão. Conversa. E muito. Sobre ti e sobre os outros. Depois quando regressares, à tua vida de miradouros, tenta desviar o olhar daquilo que aprendeste não ser saudável. Depois desaprende tudo de novo senão o Super Canguru deixa de fazer sentido.

A Odisseia de Josélito no País da Farfalhuda #18

Se caíu aqui de pára-quedas e não faz a mais pequena ideia do que acontece à sua volta recomenda-se a ida a este local.
Capítulo XVIII
Descalça e com um pequeno buço escondido por detrás de um chupa-chupa de sabor a tutti-fruti, o fantasma de Irmã Lúcia ia murmurando em aramaico o argumento da Paixão de Cristo. De vez em quando recitava diálogos do filme Braveheart, alturas em que aproveitava para levantar o hábito e mostrar aos transeuntes a sua roupa interior de marca Floribella. "Não tenho nada, mas tenho tenho tudo, sou rico em sonhos mas pobre pobre em ouro". Slogan de verões por vir. O refrão escrito na parte da frente. Cara da Floribella estampada na parte de trás. Fio dental, assinale-se. Agora, transparente e inodora, a Irmã Lúcia estava cada vez mais perto da Virgem. Zé Tó olhava para ela, no entanto, com outros olhos. Literalmente. Havia arrancado os seus e roubado uns a uma criança obesa que se passeava pelas redondezas e tentava ver a cara de cu da Floribella. Através do olhar de uma criança ainda nova mas em efevercência lasciva Zé Tó olhou para Irmã Lúcia e galgou para cima do fantasma com uma fúria que se lhe desconhecia. A última vez que Zé Tó havia deixado à solta as suas feromonas desta forma fora numa noite em que, enquanto assistia ao Mini Chuva de Estrelas, agarrou numa almofada com carinho em honra de uma Tina Turner em miniatura. O fantasma de Irmã Lúcia não sabia o que havia de fazer. O contacto mais próximo que tinha tido com um ser humano (sem ser com as freiras no Carmelo de Coimbra) foi com o seu pequeno primo Francisco Marto e toda a gente sabe o resultado disso. E para quem não sabe ficam apenas três palavras e um bocado: Quarto Segredo de Fátima. A vida dos pequenos pastores na Cova de Iria não é muito diferente da vida de um cowboy ma montanha Brokeback. Ponto da situação: Zé Tó revela-se pela primeira vez um ser sexual, ainda que estando com um fantasma. Irmã Lúcia, ou o que resta imaterialmente dela, espanta-se com um fulgor que já tinha esquecido. A dúvida instala-se entre os presentes, que cada vez são mais: Isto é amor ou apenas um ensaio do programa Fiel ou Infiel?
To be continued, here.