sábado, fevereiro 25, 2006

A Odisseia de Josélito no País da Farfalhuda #10 (O 2º REGRESSO)

Capítulos anteriores aqui.

Capítulo X
Zé Tó entrou no carro do médico licenciado mas que apenas falava ucraniano e fechou a porta com muita força como as divas faziam (e Mariema era uma diva). Olhou pelo ombro para se despedir de Olival de Basto e do seu chapéu de Lisboa Nova como acontece nos filmes, mas reparou que tinha um bocado de panado de perú preso à sua peruca encaracolada e platinada. Ao tentar tirá-lo para matar a fome arrancou acidentalmente o seu capacho efeminado. Chocado, o médico licenciado mas que apenas falava ucraniano expulsa Zé Tó/Mariema do carro. Ele sabia que estava a viajar com um travesti mas julgava que ele tinha a decência de ter cabelo verdadeiro. "Este mundo está perdido", pensou. De seguida disse em voz alta: "Saiba que tinha programado um fim-de-semana em Fátima para assistir à cerimónia de transladacção da irmã Lúcia!" Assitiu-se desta forma a um duplo milagre: o médico licenciado mas que apenas falava ucraniano falou num português perfeito (qual Glória de Matos* com cólicas) ao mesmo tempo que se assistia ao nascimento de um novo estilo de dança jazz que incluía cerimónias de beatificação de pastorinhos que viram a Senhora, serralheiros que viram o seu dedo decepado em pleno trabalho e marinheiros que cantaram o "In the navy", e que simultaneamente juntava num só palco coristas, militantes do CDS-PP, gémeos siameses e casais só com três pernas.
O médico licenciado mas que apenas falava ucraniano embora afinal conseguisse falar num português perfeito arrancou no seu carro, que de forma bizarra se havia transformado numa carroça puxada por três pigmeus, deixando Zé Tó à beira da estrada com dois pensamentos na cabeça: arranjar boleia para Fátima com o objectivo de assistir à cerimónia de transladacção da Irmã Lúcia (e talvez roubar um fémur como souvenir) e acabar o bocado de panado que ainda tinha na cabeleira.
Mal sabia Zé Tó/Mariema que a boleia que apanhou, minutos depois, de um camionista barbudo o levariam não para Fátima mas para o Porto, onde um bando de adolescentes em fúria o esperavam com pedras.
Próximo capítulo aqui.
*Glória de Matos é o demónio em (dis)forma de gente.

Você decide

Levantar a voz para chamar um amigo que vai à nossa frente ou abrir a boca e dizer o primeiro nome que nos vem à cabeça mesmo que não seja aquele que queremos dizer. Dar um salto para evitar uma poça de àgua ou dar um mortal para trás para impressionar alguém na rua. Agarrar na máquina de calcular para fazer uma conta idiota ou usar um computador para planear o fim do mundo. Jogar às escondidas nos intervalos no 9º ano ou jogar à macaca à hora de almoço na empresa. Tropeçar numa casca de banana e aterrar de cara na calçada (portuguesa) ou decidir morar na Aldeia dos Macacos no Jardim Zoológico. A lucidez ou a loucura? A loucura e a lucidez.

Frases memoráveis? #1

"O teu pipi cheira a flores"

(a frase perfeita para iniciar esta rubrica)

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Esperança Média de Vida


O problema é que eu acho que vou viver até aos noventa anos quando só precisava de cinquenta e pouco.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Este texto é uma mera e estúpida ocupação de espaço

Algumas questões pertinentes (mas que, no entanto, não têm qualquer validade ou lógica) que, ultimamente, têm assolado a mona deste vosso amigo:

1. Quem de nós não tem um telefone móvel? Quem é o português que não possui essa maravilha da tecnologia que é o telemóvel? …todos têm um telemóvel. Alguns mais do que um. (É impressão minha ou estas palavras atrás redigidas não trazem nada de novo ao mundo? …pois, não trazem mesmo nada de novo ao mundo. Mas também não faz mal). Debato-me com uma questão que não me tira o sono mas que me inquieta, levando-me a coçar, volta e meia, a sobrancelha esquerda com alguma violência.
No universo das comunicações móveis existe a mais inglória, estúpida e despropositada de todas as funcionalidades – o relatório de entrega de uma mensagem escrita. Este chega apenas para dizer que a mensagem que enviámos há três minutos atrás está pendente. CARAMBA, pá! Há lá coisa que mais me irrita? Sim, por acaso há, mas isso agora não é para aqui chamado.

2. Todos os casamentos celebrados na língua inglesa até agora, desde a antiguidade, foram falsos. Passo a explicar:
Pessoa que casa: “Mervin, do you accept Linda to be your beloved wife until… bla bla bla bla chirbititátátá urrá urrá yahaweeeeeee?”
Mervin: “I do.”
Pessoa que casa: “I now pronounce you husband and wife. You may kiss the bride and do the Cha-cha-cha.”
Mentira! Mervin e Linda ainda não estão casados. Mervin não aceitou! Mervin não disse sim. Mervin disse: “Eu ‘faço’.” To do é um verbo que exprime a acção de fazer algo. Logo, Mervin não disse sim. Para Mervin estar casado teria de ter respondido: “Yes.”. Aí sim, o desgraçado estaria casado. Agora não. Nem ele nem todos aqueles que se casaram respondendo “I do”. Ninguém responde “Eu faço” quando lhe perguntam se quer casar. É a mesma coisa que perguntarem-me se eu quero filhózes para o almoço e eu responder: “está frio”.

3. O pão ralado. É ou não um desperdício de comida? O que vai acontecer ao taxista que, após uma bandeirada de 34,57 euros, na qual levou um turista japonês dos Olivais à Gare do Oriente, quer parar numa daquelas ‘relotes’ para comer a sua bela sandér? Chega lá e é-lhe dito que o pão acabou, mas (FESTA): “ainda há pão ralado!”, grita a mulher que não se sabe se é homem. É desmedido. É sem fundamento. Ninguém no seu perfeito juízo quer pão ralado. Pão é pão. Pão é para se comer, não para ralar como as cenouras.

4. Que género de pai manda o filho para o quarto, de castigo, sem lhe dar de jantar. Tantas vezes vemos isso nos filmes e telenovelas. O filho/a fez algo de mal na escola. O pai, durante o jantar, pergunta ao filho como correu o seu dia. O filho, displicente, responde: “incendiei a sala e dei uma sova com um taco de golf à stôra”. O pai, num acesso de fúria, grita: “vai já para o teu quarto!” É que é logo. E a pobre criança ainda nem sequer tinha acabado a sopa. Depois queixam-se que as crianças só comem porcaria. Pudera, os pais mandam os putos para o quarto sem estes terem jantado. Onde é que está o amor paternal?

5. O stand-up comediant. Que é que faz um gajo, em pé, em frente a um microfone que nem sequer trabalha? É que o comediante traz um microfone de lapela. Para quê porem-lhe lá outro microfone? Mais. Quando a piada não tem mesmo piada e é mesmo má, o que é que o desgraçado pode fazer? Nada. Ainda tem mais seis minutos para estar ali de pé e já ninguém vai achar piada ao que ele diz. “Vi um cão a fazer cocó! AHAHAHAHAHAHAHAHAH!”, ri-se o comediante, pensado que acabou de dizer a maior e mais inteligente chalaça do mundo. Não. O público mantém-se impávido e sereno, sendo que a única pessoa que ri ou bate palmas é o brasileiro contratado para andar a correr, de um lado para o outro, à frente da assistência, a pedir encarecidamente para o público bater palmas, dando assim a ideia de que afinal ainda há uma razão para aplaudir.
Com franqueza.
Porque é que será que, neste momento, me estou a sentir como o comediante que disse que tinha visto um cão a fazer cocó? É que… pá… ninguém se ri e isto que eu estou a escrever não tem piada.

Com licença. [momento de intermináveis piscar de olhos] Após ter lido isto tudo de novo, constatei que em cerca de 32 minutos da minha vida, escrevi, talvez, o texto mais sem sentido e infundado de toda a minha vida. Estou orgulhoso.
Afinal, sou o novo José Saramago. Melhor, serei eu um político?
[onomatopeia seguida de um ditongo]

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Isto

sim, eu também às vezes não entendo aquilo que vejo...

Hoje

se me levanto de manhã contrafeito sei que vou passar o dia inteiro a olhar para o dia de ontem e não vou conseguir dar mais do que três passos acertados.
de manhã a minha cabeça passeia sem pressas por cidades que (ainda) não conheço. a hora de almoço passa sem que dê por isso mas ainda há tempo para trincar um bitoque fora-de-horas. a noite traz coisas que não se esperavam e entre conversas no chão de um quarto (que se passa a conhecer quase na totalidade) começa a descoberta do que é efémero.

daí ter acordado e ter percebido que as coisas continuam as mesmas.

domingo, fevereiro 12, 2006

Recuerdos

Barcelona já lá vai, já lá vão dois meses.

Nove dias a subir uma ladeira com veados de ferro ( o Bambi já não é o que era). Nove dias a andar num comboio, sentados no chão, a dormir o que não dormiamos de noite, a entrar em contacto silencioso com as naves habitadas por seres estranhos que pareciam recém-nascidos (Barcelona está cheio deles!). Nove dias a tentar não enrolar a língua quando se pensa numa língua (não necessariamente o português) e se fala noutra. Nove dias de nouvelle cuisine preparada e servida pela elite dos especiais. Nove dias de olhares novos a pessoas novas. Nove dias de novos olhares ou de segundos olhares, com pensamentos diferentes a cada momento. Nove dias bem bebidos. Nove dias que acabaram depressa, apesar de terem demorado a fluir. Nove noites que acabavam com um pensamento no que se manteria de pé, no regresso.

Mas Barcelona já lá vai.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

O Pereira? Está... como dizer... está c'as calças na mão!

Foi inventada a vacina para a diarreia. Quer dizer, a vacina não é para a diarreia, é para o ser humano. Pensando melhor, é para combater a diarreia. Ok, não interessa. O que interessa é que nunca gostei muito da expressão “combater (doença X)”. Idealizemos o seguinte cenário: Normandia – norte da costa francesa. A diarreia está instalada num bunker, tendo como reféns o intestino grosso e sete rolos de papel higiénico. O pobre do sétimo rolo de papel higiénico nem era para estar ali. Afinal, ele não passa de uma promoção de “Pague seis, leve sete”. Ele nunca quis ir para a guerra. O medo está instalado. Há três dias que os rolos de papel higiénico (daqueles bem rascos, cuja suavidade se assemelha a uma bofetada de Bud Spencer) não contemplam um rabo, quanto mais tocá-lo. A situação é desesperante. Chuck Norris e Steven Seagal ambos são chamados para intervir na situação e tirar de lá os reféns, mas a brutalidade com que tratam das coisas de nada serve. Embora Norris tenha partido (ao rotativo) todos os narizes existentes na Normandia e Seagal ter esventrado (com um cutelo) todos os abdomens que ali residem, a diarreia não se deixou intimidar pelas cruéis e estúpidas acções dos dois piores actores do mundo e passou à acção propriamente dita. Seagal e Norris ainda hoje sofrem mazelas, visto terem estado cinco dias sentados numa sanita, tendo gasto mais em descargas de autoclismo do que todos os estúdios de televisão portugueses quando recebem o José Castelo Branco.
De facto, nada trava a diarreia. Se Steven Seagal e Chuck Norris, juntos, não o conseguem então, quem conseguirá? Pensou-se em Speedy Gonzales mas, de acordo com fonte segura, Gonzales está algures no México a correr.
Diarreia resiste. Os rolos de papel higiénico não aguentam mais – gritos de ordem ecoam por entre as paredes da cela onde estão presos: “Preços mais baixos, queremos preços mais baixos!”. Desde logo são esbofeteados pelo intestino grosso que lhes faz companhia na cela. O desgraçado, que desde cedo, na infância, era alvo da chacota de órgãos como o pâncreas, os rins e os pulmões, visto não ter mais de 1,4 metros de altura e ser estupidamente mal-cheiroso, vingava-se agora, tendo adquirido o estatuto de “todo grosso” junto da vesícula biliar, o seu grande amor. A diarreia sabia do fraco estado emocional do intestino grosso e atacou, sem Lá nem piedade. (sim, é que é sempre “sem dó nem piedade”; ora, se é para escrever notas musicais, porque não o Lá?).
Mas… esperem. Ao som de uma das intermináveis sinfonias de Ludwig van Beethoven surge ela, a vacina. (está por confirmar o nome, uma vez que a vacina está ainda num processo de selecção de nome. “Mata cagalhões”, “Agora já não te cagas todo”, “Vai ser uma limpeza” ou “Esquece lá isso do papel higiénico” são, de acordo com comunicado, alguns dos nomes que pesam na escolha da vacina).
E pronto. Tudo se resume a isto. A vacina destrói a diarreia com, ironia das ironias, pedaços dessa mesma diarreia, e liberta os rolos de papel higiénico, já bem amarelos. O intestino grosso presenteia a vacina com uma exuberante sessão de flatulência, que, mais tarde, destrói todas as linhas inimigas montadas pela diarreia.

Apesar de toda a beleza da situação, há algo que me deixa inquieto. A vacina só pode ser administrada a pessoas cuja idade se situe entre as 6 e as 32 semanas.
…MAS QUE RAIO!!! Então e eu? Continuo-me a cagar todo?

Mas nem tudo são rosas. Ou nem tudo é prisão de ventre. Até à data, o Ultralevur está em parte incerta. Ninguém conhece o seu paradeiro. Sabe-se, porém, que será feita uma homenagem póstuma a este obstipante que tantas idas à sanita poupou a milhões de pessoas no mundo.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Momento Letras de Músicas #7


These Arms of Mine

These arms of mine
They are lonely, lonely and feeling blue
These arms of mine
They are yearning, yearning from wanting you

And if you would let them hold you
Oh, how grateful I will be
These arms of mine
They are burning, burning from wanting you
These arms of mine
They are wanting, wanting to hold you

And if you would let them hold you
Oh, how grateful I will be
Come on, come on baby
Just be my little woman, just be my lover, oh
I need me somebody, somebody to treat me right, oh
I need your woman's loving arms to hold me tight
And I...I...I need...I need your...I need your tender lips

-Ottis Redding-

(a dose diária recomendada pela União Europeia de Ottis Redding. fortalece os ossos, os músculos e tudo)