sexta-feira, julho 22, 2005

A Odisseia de Josélito no País da Farfalhuda #6

O capítulo anterior desta grandiosa odisseia encontra-se aqui.

Capítulo VI
Zé Tó abandonou para sempre o seu amigo e caminhou na direcção do Montejunto. Cajó nunca mais foi visto por ninguém. Rumores de que se transformou em artista emergente no panorama da música ligeira circulam abundantemente pelas esquinas de Bagdad. Zé Tó, MariCarmen para os amigos e Marisol para quem frequenta o café em frente à Rodoviária, chorou um pouco. Ele sabia que nunca mais iria ver o seu amigo. Sabia-o porque acabara de ser abalroado por dois meliantes que lhe escarafuncharam os dois olhos com uma Black&Decker. Depois desta verdadeira sessão de tortura, perpetrada ao som de Dai Li Dai Li Dai Li Dou dos Gemini, Zé Tó foi arrastado desde o local onde se encontrava até Sobral de Monte Agraço onde não se pôde deliciar com o parque infantil, que hoje em dia se encontra ao abandono e com um cheiro semelhante ao estúdio do Bueréré em final de programa. Enquanto os meliantes continuavam a torturá-lo Zé Tó conseguiu ouvir um som vindo do ar...Dance...nothing left for me to but dance... Seria nuno da câmara pereira (sim, com minúsculas) a fazer uma versão dos Jamiroquai?!
Brevemente o próximo capítulo surgirá aqui. Mantenham-se atentos e podem ficar habilitados a ganhar colchões de praia e "coisas que fazem bolas de sabão".

Sintra a ferro e fogo

São poucos os momentos que ficam na nossa memória para sempre. Um passeio de carro pelas curvas e contracurvas da Serra de Sintra, passando pela Malveira e companhia é sempre de assinalar como um feito inigualável. Nem mesmo Michel Vailànt conseguiria tal proeza. (Mas porquê a referência a esse piloto de carros francês?)…não sei. Seria o papa-tours de France (Lance Armostrong) uma melhor referência? É que esse senhor não sabe fazer mais nada senão ganhar o Tour. Queria vê-lo a subir a nossa Serra da Estrela, queria ver. Punha lá um grelhador, um cadeirão e um chapéuzito de sol na estrada e queria ver se ele passava. Com o cheiro a entrecosto e entremeada nem pedalava mais, ficava logo ali a comer o belo do churrasco.
De referir, ainda que tarde, que esta autêntica pérola da literatura é escrita ao som de “A Ferro e Fogo” de Zezé di Camargo e Luciano.
O calor aperta cada vez mais e o que apetece é pôr a cabeça de fora do carro, mesmo que isso signifique ser decapitado por um ramo de uma árvore plantada há mais de mil anos e que apenas serve de suporte para cartazes de festas como: “Grande actuação, amanhã, dia 22/7, Nelo Silva e Cristiana, no Coreto de Arrifana” – Arrifana foi a terra que me veio primeiro à cabeça. Podia ter dito Alguidares, mas essa já ‘tá muito batida – e de apoio a ninhos de rolas, pombos e outro pássaros estúpidos que de amigos não têm nada, uma vez que despejam para a nossa roupa lindas prendas (em formato liquidefeito), geralmente num tom esbranquiçado e com um aroma a menta que eu sei lá. Gosto particularmente quando temos sabor stracciatela.
Adiante… ao pôr (que coisa, mas quem põe não são as galinhas?) a cabeça de fora, constato que o cheirinho a eucalipto será meu companheiro por essa jornada fora. Afinal não. Além desse odor, o meu olfacto pode também sentir o bálsamo a atum. Atum esse degustado por mim três horas antes, numa sandér que de fresco não tinha muito. Chego a pensar que crescem atuns nas árvores da serra de Sintra. Não. Crescem antes salmonelas (e das grandes) no estômago de alguém que só queria sentir a essência da natureza. Mais tarde, as ditas salmonelas são despojadas, qual nómadas que tinham chegado à poucochinho à Terra que julgavam ser delas numa frenética e apoteótica ode à natureza denominada “O 5º andamento da eructação, em Mi bemol”. Maestro António Vitorino de Almeida, aguardo o seu contacto impacientemente.
Oh, que agradável, uma folha de eucalipto (e bicudas que elas são) toca-me, de raspão, a face. É suave a sensação, tendo eu a noção de que mais um pouco e a dita suave e terna folha podia ter causado mais estragos... como VAZAR-ME UMA VISTA! Ma num fá male. [dislexia]

As curvas sucedem-se e o desconforto começa a ser notório. Agora, com a cabeça de fora, a levar com o ar límpido e puro da serra, sou agredido na fronte com uma pinha de tamanho tal que a única coisa que aproveitei desse momento foi o facto de ter pinhões já descascados a entrarem-me pelas narinas e pelas orelhas a dentro. Bonito.
Fechei a janela. Se calhar já era hora.
C’licença. Tenho de ir limpar a areia onde o meu gato faz as suas necessidades. Mais tarde punir-me-ei severamente com uma costeleta de novilho congelada (nas costas)
por ter utilizado, num texto meu, a palavra “poucochinho”.

segunda-feira, julho 18, 2005

Grease para os meus ouvidos

Serão os produtos light o escape de uma civilização que apenas pensa em conduzir acima dos 150/160 km/h em vias equiparadas a auto-estradas (nas quais a velocidade máxima permitida é de cem quilómetros horários) e em ver programas de televisão como o “Você na TV” ou qualquer um dos programas em exibição nos três principais canais portugueses entre as 10 e as 17 horas?
Deste parágrafo podemos tirar três conclusões:
- A primeira é que este escrevinhador (sim, é uma palavra que consta do dicionário do Word, essa maravilha dos programas informáticos, tal como “gambiarra”) ainda não se esqueceu, na totalidade, do código da estrada que estudou já lá vão quase três anos e meio.
- A segunda é que o referido parágrafo foi um acesso de parvoíce que, no entanto, serve de mote para uma discussão sobre a realidade que nos rodeia.
- A terceira é que as pastilhas Tums fazem maravilhas quando estamos enfartados ou com azia.
Uma vez descrita a questão que me assola passemos ao que interessa. Porque é que no Verão aparecem os produtos “light” assim todos de uma vez – tipo promoções daqueles hipermercados que têm como principal atractivo o facto de venderem WC Pato a metade do preço e pacotes de pistaccio a 2 cêntimos? EU TENHO A RESPOSTA!...Porque no Inverno andava tudo às escuras.
Não tenho mais nada a dizer relativamente ao parágrafo anterior. Devo apenas ressalvar (“ressalvar”, bela palavra!) o facto de não estar a escutar nada de anormal neste momento. Ok, eu admito, neste momento escuto os versos “You’re the one that I love, uhuhuh”, da banda sonora de Grease. John Travolta e Olívia Newton John gladiam-se verbalmente e a única coisa que me ocorre dizer é: Extraordinário. “Tell me more, tell me more, bláblábláblá…”. Não sei, repito, não sei como veio isto parar à minha playlist. Se calhar sei, mas isso também não interessa nada. Toca agora Roxette com a versão em espanhol de “Listen to your heart” – “Habla el corazón”. Algo não está bem. No entanto, gostava apenas de transmitir o recado. Nunca ouçam estas duas músicas seguidas. Faz mal.
Sim, claro, eu sei e escusam de o esconder. Estavam já a programar, na vossa playlist, estas duas músicas para terem a tocar enquanto martelam desenfreadamente os vossos teclados com o intuito de me chamarem nomes e ofenderem-me até não saberem mais vocábulos ordinários. Não faz mal, ficou o conselho na mesma.
Falemos ou pensemos em algo mais interessante. Que tal falarmos sobre acumulação de cotão debaixo da cama? [levantei-me repentinamente da cadeira e corri para a casa-de-banho a chorar].

quarta-feira, julho 13, 2005

Ich komme aus Chamusca

Da última vez que escrevi para o blog mais visitado do mundo (sim, é este, pensavam que era o do Pacheco Pereira?) não disse: - “I’ll be back!”, como tal, peço desde já as minhas desculpas, prometendo desde já um dito desses quando menos vós outros esperarem. Quiçá com um inglês mal falado com aquela pronúncia austríaca que todos nós recordamos com saudade.
É verdade. O que é feito de Arnold Schwarzeneger? Duas coisas tenho a dizer sobre esse senhor. Primeira: tem um nome que mete medo; Segunda: mete medo.
Peço clemência, como pedi quando vi Clemente cantar um medley de mais de 5 minutos em (quase) horário nobre da nossa querida televisão independente. (A propósito, não sei se alcançaram a piada – peço clemência… Clemente…). Epá, faz-se o que se pode.
Peço clemência ao shôre governador da Califórnia para não voltar a permitir que passem mais imagens dele quando era o Mister Universo. Toda a gente sabe que Mister Universo só há um, e esse é da Chamusca e chama-se José Cid.
Curiosamente, após 26 linhas, este post não teve nada de interessante até aqui. E se eu dissesse realmente algo interessante? Pois, aí isto já ganhava algum crédito. E se eu vos dissesse (tipo suponhamos, com assento circunflexo no “o”) que sábado passado assisti a um concerto de Patrícia Candoso ao vivo e a cores? …claro que isto é um suponhamos (daqueles com “^” no “o”), não tem validade científica. Ainda hoje, quarta-feira, há uma certa dor, uma tristeza em meu coração após quase uma hora e meia de música portuguesa que não lembra a ninguém. Mas, que é que se pode fazer? Os gostos musicais não se discutem. Verdade seja dita. (Bela frase, esta do "verdade seja dita", ah?)...No fim do concerto, e isto é rigorosamente verdade, pois eu não minto, estavam cerca de 30 pessoas a assistir num anfiteatro com capacidade para 1000 cabeças (agora a expressão “cabeças” fez-me lembrar “cabeças de gado”), 1000 pessoas essas que estavam lá, no início do concerto. ATENÇÃO, vem aí uma indicação cénica… – [coçar a cabeça incessantemente, chorar, e questionar-se sobre as grandes problemáticas existenciais. A saber: porque é que a senhora não tinha ninguém a assistir no fim do concerto?].
Não há água em Marte? NÃO HÁ ÁGUA EM MARTE?? NÃO HÁ ÁGUA EM MARTE???? AH, caramba pá, destruíram o meu sonho. Agora como é que eu vou dizer ao shôre Mário (do talho lá do supermercado) que quero meio quilo de carne… carne.
(Foram cerca de 44 palavras que eu gostava de esquecer, mas já não posso!).

segunda-feira, julho 11, 2005

A Odisseia de Josélito no país da Farfalhuda #4

Capítulo anterior no blog 'O da Joana', aqui.

Capítulo IV

Zé Tó perdeu a consiciência e só a recuperou quando o autocarro da Barraqueiro Oeste se encontrava na Malveira. Zé Tó saltou do pára-choques do autocarro e aterrou no meio da A8. Naquele momento reparou não tinha uma perna. Portanto fez um inventário: uma perna, dois braços, uma cabeça, um Destak, uma cassete de música de forró. Nem tudo estava perdido. Zé Tó reparou também que no bolso das calças tinha um colete reflector homologado. Tratou de o colocar depressa não aparecessem os senhores que passam multas. Os senhores que passam multas, também conhecidos como senhores da boina ou senhores que andam aí às voltas, chegaram, como Zé Tó havia previsto, e não puderam implicar com ele apesar de estar no meio de uma auto-estrada sem uma perna. Zé Tó começou a arrastar-se até à beira da estrada onde encontrou um amigo de infância que estranhamente também estava sem uma perna.

Continua brevemente no blog 'O da Joana'

domingo, julho 10, 2005

Momento Letras de Músicas #5


"Ndizwa Hematil Weni"

Loko ndzi zetemuka
he matilweni
ndzi txukumetele a cometa
i tava paraketa langa


psi ngetanu
ndzi vekele thlavi
laku phati phati
psanga mubedo wa mati ya ku hisa
a hansi ka minege yanga
kuva ndzi tilata

psi ngetanu
ndzi txukumetele a djambu
psanga balão laku phatima
livaninga psanga dzilo ni gole
ku zetemuka kwanga
he matilweni

("Cair do céu"

se eu escorregar
céu abaixo
atiras-me um cometa
para me paraquedear

ou então
põe-me uma nuvem
branca e escura
como uma cama de água quente
embaixinho dos meus pés
para eu me deitar

ou então
joga-me o sol
como um balão brilhante
iluminando
a fogo e ouro
o meu escorrega
céu abaixo)

-Maria João & Mário Laginha-
(dia 15 de Setembro no Casino do Estoril - entrada livre [recomendação da Catarina])

sábado, julho 09, 2005

Momento Letras de Músicas #4


"O Quereres"

Onde queres revólver sou coqueiro, onde queres dinheiro sou paixão
Onde queres descanso sou desejo, e onde sou só desejo queres não
E onde não queres nada, nada falta, e onde voas bem alta eu sou o chão
E onde pisas no chão minha alma salta, e ganha liberdade na amplidão

Onde queres família sou maluco, e onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco, e onde queres eunuco, garanhão
E onde queres o sim e o não, talvez, onde vês eu não vislumbro razão
Onde queres o lobo eu sou o irmão, e onde queres cowboy eu sou chinês

Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato eu sou o espírito, e onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre decassílabo, e onde buscas o anjo eu sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói, e onde queres tortura, mansidão
Onde queres o lar, revolução, e onde queres bandido eu sou o herói

Eu queria querer-te e amar o amor, construírmos dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação, tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés, e vê só que cilada o amor me armou
E te quero e não queres como sou, não te quero e não queres como és

Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper vídeo, e onde queres romance, rock'nroll
Onde queres a lua eu sou o sol, onde a pura natura, o inseticídeo
E onde queres mistério eu sou a luz, onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro, e onde queres coqueiro eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal, e eu querendo querer-te sem ter fim
E querendo te aprender o total do querer que há e do que não há em mim

-Caetano Veloso-

sexta-feira, julho 08, 2005

A Odisseia de Josélito no país da Farfalhuda #2

(para ler o primeiro post desta odisseia memorável que irá decorrer durante um período de tempo indeterminado consultar o blog "O da Joana" [http://www.odajoana.blog.pt])

Capítulo II
O pacote de Doritos tinha lá dentro um pequeno esquilo amarelado que se agarrou à cabeça do Zé Tó e que tentou escarafunchar-lhe os olhos. Zé Tó sentiu que aquele momento podia ser o último momento de vida então ganhou forças e soltou o grito mais efeminado que conseguiu. Com o grito, o esquilo sofreu um pequeno enfarte e morreu. Mas depois levantou-se e foi para casa porque o Professor Zambu, que dá consultas em Barcarena e resolve problemas de qualquer tipo inclusivamente macumbas, amarrações e fetiches com algemas, ressuscitou-o com a ajuda de um Xanax e de um DVD da Família Galaró. O esquilo, amargurado, regressou a casa onde encontrou a sua mulher, uma doninha que ele encontrara numa discoteca para mamíferos no Paquistão, embrulhada com a toupeira Artur, que era amigo de infância do esquilo. Zé Tó continuou a sua caminhada enquanto entoava uma música que misturava Queen em sessão de espiritismo no Estádio do Restelo com música tradicional húngara. Chegou a uma encruzilhada e pensou: a vida humana existe ou serei eu o novo Messias?

Semelhanças? Puras coincidências? #1


As aparências não iludem, mas não fiz, nem quero fazer, o teste do algodão... Deixo ao vosso dispor a discussão deste tema.

quinta-feira, julho 07, 2005

Palavras, leva-as o vento...ou a chuva. Porque é que tem de ser só o vento a levá-las?

O que estão prestes a ler aqui é nada mais nada menos do que a pérola da música contemporânea. Vocês vão chorar, e garanto-vos, não é de alegria.

[aos gritos] UM, DOIS, TRÊS, QUATRO...

Quando eu vi olhos de ameixa
E a boca de amora silvestre
Tanto mel, tanto sol
Nessa tua madeixa
Perfil sumarento e agreste

Foi, a certeza que eras tu
O meu doce de uva e noz sobre a mesa
O amor de morango e cajú

Peguei, trinquei e meti-te na cesta
Ris e dás-me a volta à cabeça
Vem cá, tenho sede
Quero o teu amor de água fresca

Tens na pele travo a laranja
E no beijo três gomos de riso
Tanto mel, tanto sol
Fruta, sumo, água fresca

Provei e perdi o juízo
Foi, na manhã acesa em ti
Abacate, abrunho e pêra francesa
Romã, framboesa e kiwi


Caros leitores, compreendo que a vossa vontade em me sovarem até á exaustão deve ser tremendamente grande, mas eu não resisti.
Este podia ser um momento nostálgico. Mas não. É simplesmente um momento estúpido.
Esta canção faz parte do imaginário do português. Quer queiramos quer não, todos temos na mente esta imagem: Dina a cantar o "Peguei, trinquei".
Havia duas coisas que me metiam medo até há bem pouco tempo. Uma era o catálogo da loja d-mail e a outra era cruzar-me com José Castelo-Branco na rua (graças a Deus esta última nunca aconteceu). No entanto, pude constatar que há também uma terceira coisa que me mete medo: a canção acima descrita.
Além de ser uma digna "boca-de-porco", pois Dina misturava uva e noz em doce e comia, ao mesmo tempo, morangos e cajú (o que, suponho, lhe deve ter dados grandes dores de barriga e uma pequena obstipação crónica) - se não sabem o que quer dizer "obstipação" perguntem a um médico, é que foi uma médica que mo ensinou e agora digo sempre isto em vez da outra palavra, bem mais feia, por sinal. Ok, diarreia não é uma palavra assim tão feia.
Mas há mais. Amor de água fresca é um erro de português. Não sei. Há algo que não bate certo. É quase como que tentar entender inductâncias de desacopolamento de cabos coaxiais. (Sim, não sei o que se passou na minha mente nesta última linha, mas que foi grave, isso foi).
Outra. Abrunho. A única música do mundo que tem a palavra "abrunho".
Palmas para Dina.
E sim, não consigo fazer pior. Após a inclusão da palvara "diarreia" num texto meu, cheguei ao estado de parvoíce absoluta. Resta-me esperar que a próxima palavra a inserir num texto meu não seja "beterraba".

quarta-feira, julho 06, 2005

Dê-me três Ról's e um Epá, ó fáxavôr!

Antes de mais nada, este post está a ser escrito ao som de Ala dos Namorados (deliberadamente, por minha vontade. Não sei, foi um impulso parvo que me deu). Qualquer incongruência nas palavras, não censurem a minha pessoa. Censurem antes o senhor com a voz enfemeninada que palita os dentes com parquímetros daqueles que há na América – nunca percebi como é que aquilo funciona. Atão eles não tiram o belo do ticket??
Há alegria no espaço porque há manchas nos écrans (acho que é mesmo assim que se escreve; quer dizer, não sei, foi o que me ocorreu depois de ter escrito “écrãns” e de me ter esbofeteado vezes sem conta) dos computadores de Cape Canaveral?...é mais um caso para reflectir. Bem, se calhar não precisa de ser para reflectir.

Se a humanidade exulta por conseguir rebentar com uma sonda (gástrica?) do tamanho de uma máquina de lavar roupa contra algo que é bruto, não tem sentimentos e que apenas é superado em temperaturas negativas pela mala do [gritem comigo, por favor!] “OLHÓ GELADO!!!! É O NOGAT TRÊS SEIS!!!! É O OLÁÁÁÁ FRESQUINHO!!!! É A BATATINHA FRITA E LÍNGUA DA SOGRA!!!!!” acho que não nos temos de preocupar. Não compreendo esta sequência de palavras: - “é o nogat três seis!” Há aqui um pouco de… não sei! [Nuno Guerreiro faz falcetes].
Se o ser-humano se regozija por haver barulho e luz na imensidão (que não nos liga nenhuma porque está lá quieto e parvo) que é o espaço, esse vazio… ah, grande coisa, eu já vi Jorge Sampaio ao vivo e a cores (laranja, na cabeça) e já lhe apertei a mão!
Mais uma coisa, nunca saiam á rua com a braguilha aberta! É mau. Porque ninguém nos avisa.

Um dia destes andei a manhã toda com a braguilha aberta e ninguém foi amigo o suficiente para me apontar para a zona em questão e fazer aquela cara de gozo/respeito, não dizer nada a não ser uma junção de onomatopeias que nem um tradutor de calão entende e me ajudar.
Há coisas piores. Fazer uma ligamentite no dedo do meio da mão direita é bem pior (eu sei). Não dói muito, mas é incómodo. Ok, incómodo é sermos bombardeados com os D’ZRT a toda a hora (a mim chegam em formato projéctil), mas pronto, não se pode ter tudo.

segunda-feira, julho 04, 2005

É injusto!

Há vinte e um, vinte e um – repito – vinte e um anos, que ando neste mundo e agora me apercebo daquilo a que me privaram. É verdade, durante toda a minha infância, fui um ser limitado aos Playmobiles e aos Legos – essas duas autênticas instituições. Volta-e-meia lá aparecia um Transformer, mas isso já era demais para esta mente perturbada que só se consegue lembrar do pânico que era Carlos Alberto Moniz a cantar que queria que eu e todas as crianças que viam o seu programa fizessem amigos entre os animais, porque amigos daqueles não eram demais na vida e que eles tinham uma família como eu e tu… [lágrimas].
A maior tortura que me podem fazer neste momento é obrigarem-me a olhar (basta olhar) para um piscina de bolas coloridas. O mundo desabou, este domingo, quando num daqueles restaurantes de fast-food – que eu não vou dizer o nome, porque, mais uma vez, digo que eles não me pagam para isso… (e aqui se vê o quão sovina sou… e também se vê a minha parva capacidade para fazer “apartes” do tamanho de um romance de Miguel Sousa Tavares) – me deparei com uma piscina de bolas.
Confesso. É um sonho! O meu sonho é entrar numa piscina de bolas coloridas e poder, lá de dentro, atirar bolas cá para fora, para os adultos que estão a comer. E poder brincar nos túneis da piscina e poder fazer tudo o que os-putos-que-passam-lá-três-horas-e-meia-fazem-e-que-eu-não-sei-o-que-é.

Mas é verdade. No meu tempo não havia nada disto. Quando apareceram as piscinas de bolas, já eu não podia lá entrar, porque já tinha feito os dez anos de idade (há duas semanas atrás) e porque já media mais de metro e meio (e também já calçava o 43,5). Isto quer dizer que foi tudo um complô para me fazerem sofrer. Os senhores das piscinas de bolas instalaram tudo para que eu não pudesse ter o prazer de entrar numa dessas piscinas. [Tristeza, consternação, mágoa, dor].
E porque é que é preciso os putos descalçarem-se para lá entrarem? Caramba, isso também foi planeado, porque mesmo que eu entrasse lá, eles descobriam-me devido ao cheiro intenso a bolor que emana dos meus pés. Uma pessoa também perde o apetite.
Com licença, vou beber um copo de capilé.