segunda-feira, janeiro 30, 2006

José Cid, volta para cantares "Cai neve em Lisboa!"

O espaço que se segue é da exclusiva responsabilidade do(s) interveniente(s). Eu, um dos intervenien… ah, não. Não é isso que eu queria dizer. Retomando o discurso. Eu, accionista maioritário deste blog, declino toda e qualquer responsabilidade, uma vez que o que ides ler a seguir não passa de um devaneio estúpido da mente de alguém com tão pouco para fazer que a única coisa de útil que achou para fazer foi escrever num teclado para aquecer os dedos – já piores do que os de João Garcia, o alpinista português que gosta de se auto-flagelar. Também, se ele quisesse ficar sem dedos e sem nariz, não bastava ir a uma qualquer secção de peixes e mariscos de um qualquer supermercado? Afinal, para que é que está lá a serra de cortar bacalhau? Eu não acredito que seja só para o bacalhau.

Olá, nós somos militantes do movimento “Vem incendar, em praça pública, …”. Como tal, queremos que nos escrevam as vossas propostas na zona de comentários deste site tremendamente estúpido. Claro que isto não passa de uma tentativa desesperada de obter leitores e comentários, uma vez que este blog está cada vez mais parvo e cada vez mais deixado ao abandono.
Deixo algumas sugestões que julgo serem vencedoras e dignas de atenção.

Vem incendiar, em praça pública…
…a TVI;
…o cabelo da Maria José Valério;
…a Vanda Stuart;
…as pessoas que, ao lhes perguntarmos as horas, só respondem as horas e não nos dizem os minutos;
…a rede de lojas “Parfois”;
…o Mário Soares;
…os Bon Jovi;
…as pessoas que conduzem ligeiramente inclinadas para a direita;
…as pessoas que, enquanto conduzem, não fazem pisca-pisca simplesmente porque não lhes apetece, embora saibam que dá um certo jeito aos outros automobilistas;
…as pessoas que criticam os outros automobilistas. Epá, eu estou neste lote;
…a carreira 50;

…as pessoas que deixam acabar o papel higiénico e, quando nós acabamos tão merecido e espectacular processo de defecação (vulgo cagada), não o substituem, levando-nos a nós, pobres vítimas de um atentado, à loucura. Acreditem, eu sei o que isso é. Falo por experiência própria;
…as pessoas que utilizam a expressão “literalmente”;

…o José Figueiras;
…o tipo de letra “Times New Roman”;
…os tocadores de gaita-de-foles;
…os dentistas;
…o José Figueiras;

…as mesas de matraquilhos que, depois de pormos os cinquenta cêntimos, não nos dão as bolas para jogarmos e “comem-nos” o dinheiro;
…as pessoas a quem faz impressão o giz a deslizar por um quadro de ardósia. Ok, aí teria de incendiar mais de ¾ da população mundial. Se calhar retiro esta;
…o José Castelo Branco;

Ontem nevou em Lisboa.
Sinceramente. Anda aqui uma pessoa a fazer viagens à Serra da Estrela (quase) todos os anos para ver nevar. Nada. Chega lá e só vê a neve, poisada no chão.
Depois, é preciso estar em Alfornelos para ver nevar. É que, com franqueza.
Afinal, andei 21 anos a enganar-me.
Toda a gente que vive no planeta Terra, e não só, viu nevar. Ontem, até quem não vive no planeta Terra viu nevar. Refiro-me ao director da TVI.
[aos gritos desmedidos]
HÁ POR AÍ ALGUÉM QUE NÃO TENHA VISTO NEVAR, ONTEM?
É que, se há, gostava de falar com essa pessoa. Dizia-lhe assim: “olhe, você é um sortudo. Um afortunado. Não viu nevar."!
COMO SE NEVAR FOSSE ALGO DO OUTRO MUNDO! É APENAS ÁGUA, MAS NOUTRO ESTADO!
David, chega de ódio acumulado. Olha que isso faz-te mal. Olha lá o cásterol!

domingo, janeiro 29, 2006

A nevar?!







no dia em que a neve entrou nos quintais e aterrou nos telhados.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Euromilhões!!

(conversa ouvida à saída de uma loja, dia 27 de janeiro, sexta feira pelas sete da tarde)

homem: então já sabem. Se não aparecer amanhã é porque fui eu.

mulher 1: se for eu vou hoje para o Havai.

mulher 2: o meu pai disse que se ele ganhasse ia amanhã para a Madeira.



e assim termina esta pequena série de posts sobre o Euromilhões. agora vou para a Madeira e aproveito e passo pelo Havai.

domingo, janeiro 22, 2006

Euromilhões!

- Olha, era só para te avisar de uma coisa: para a semana vou ganhar o Euromilhões! O que é que gostavas que te oferecesse?

- Muitos dvds e um apartamento em Paris... ou então uma caneca!

- A caneca parece-me uma boa escolha!

terça-feira, janeiro 17, 2006

É que não se aprende nada neste sítio. Irra!

Era uma vez um gato preto de nome Matias. Escorraçado pela sociedade, Matias saiu à rua numa sexta-feira comum e vulgar como todas as outras. Não. Não era vulgar como todas as outras. Era uma sexta-feira-13. AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!! (este é o grito que se ouvirá sempre que “sexta-feira-13” AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!! for pronunciado).
Matias passeava-se pelas ruas de Alcabideche quando, à frente dele passou um gato preto. Matias miou alto e forte. Tão alto foi o miar de Matias que até as pedras (do caixote da areia para as fezes) cantaram. No entanto, Matias esquecera-se que também ele era um gato preto. Afinal não havia razão para temer o azar.
Mais tarde, em frente a uma barbearia cujo proprietário tinha mais de 126 anos de idade, estava um escadote aberto que servia, juntamente com o andaime mais inseguro do mundo, de apoio a um operário sérvio-montenegrino cujo nome não revelarei. Apenas direi que a primeira letra era um “Y” e a última um “I”. Matias, para se desviar do piano de cauda que caía do 12º andar da barbearia (não haverá algo de estranho na construção desta frase?), passou por debaixo do escadote. Matias miou. Afinal aquilo era um escadote de alumínio mas de alumínio bem rasca. Matias já se esquecera de que era sexta-feira-13 AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!! e dirigiu-se a uma tasca ali perto para beber um café. Quando lá chegou, a dona do café partiu um espelho, no calor da discussão com o seu marido (homem de grande porte com um bigode farfalhudo capaz de fazer inveja a Chalana, Artur Jorge e outros que tais, reis do bigode nacional).

Este é o resultado de querermos satirizar o fenómeno “sexta-feira-13” e a única coisa que nos ocorre é algo tão estúpido como o que acabaram de ler. Se o leram até ao fim, os meus parabéns. Se não o leram até ao fim, os meus parabéns à mesma, pois isto é estúpido de mais.

Serviço de Urgência. Há uma série de televisão com este nome – “Serviço de Urgência”. Tem um nome bonito. Faz lembrar… humm… sei lá… faz lembrar… tipo… um hospital e coisas desse estilo, não faz? É.
[maxilar superior saliente, dentes cravam o lábio inferior com toda a força disponível neste corpo. Suor frio e pungentes dores na epiglote. A piada foi muito má]
Algumas considerações relativamente a isso.
Porque é que só nessa série televisiva é que ouço palavras como, por exemplo, “rotinas alargadas, gasimetria e hemograma”. Pá, isso é tudo muito bonito, mas passemos ali ao Hospital de S. José. Os lá da série do Serviço de Urgência entram sempre deitadinhos, numa maca e são logo atendidos por todo o staff de serviço (mas aquela gente não tem mais ninguém para tratar?... é que de repente largam tudo o que estavam a fazer). Cá em Portugal não. Cá somos logo encaminhados para a sala de espera. Tão bom, sentarmo-nos mesmo em frente a um velhote tuberculoso com um cheiro a xarope para a tosse e ao lado de uma mulher que sofre de obesidade mórbida. Depois somos chamados para a triagem, onde somos atendidos por um médico espanhol que é, talvez, o homem mais simpático do mundo. Na série televisiva até os médicos e enfermeiras se gladiam para saber o nome do sinistrado. É curioso porem-se a falar para o doente e quererem saber o nome, idade, estado civil, loja onde comprou a mala-que-é-tão-gira. Cá em Portugal somos logo invadidos por perguntas como: “humpf… nom… idad…”. É que nem acabam as palavras. Depois, lá naquele hospital da série, raramente as pessoas morrem. Aquilo é um antro milagroso. Cá não. Cá é uma festa. Se uma pessoa tem o azar de dizer, como eu, que é alérgica à penicilina então aí receitam-lhe antibióticos com penicilina. “Ah!, ele é rijote e tal”, dizem os tão doutos médicos.
Depois? Bem, depois, caso entremos assim mais pó lesionados, somos logo assistidos por um médico que está a mastigar uma das maçãs mais podres que havia no hospital, enquanto segura, na outra mão, uma sandes de atum com mais quantidade de salmonelas do que uma maionese estragada. E, está claro, o diagnóstico é, geralmente, “isso é gripe”. Depois não há cá “rotinas alargadas nem hemogramas nem gasimetrias” (o que quer que isso seja). Há, isso sim, “ah!, vou ter de o algaliar e terá de fazer um clister opaco enquanto lhe fazem uma endoscopia”. E pronto. Saímos de lá mais doridos do que aquilo que já estávamos.

Resta-me ressalvar o facto de eu ser amigo da melhor médica portuguesa e de conhecer, pelo menos, duas ou três pessoas que estão a estudar medicina (elas sabem quem são) e que serão, no futuro, juntamente com a melhor médica portuguesa (que eu conheço e digo só que se chama Ana), o orgulho da nação em termos de medicina.

Mas… mas… mas… NINGUÉM DIZ NADA DE INTERESSANTE? É que, sinceramente.

sábado, janeiro 14, 2006

Quando um estádio intermédio se prolonga para além do seu tempo





casa battló, barcelona, dezembro 2005


tenho vontade de parar o elevador, respirar bem e com calma e depois fazer com que ele desça em queda livre do décimo segundo até ao rés do chão.


alguém que junte os ossos e envie em correio registado para quem os queira guardar.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

"Cimento que é quase água barrado com doce de tomate selvagem" - Capítulo III

Na pacata aldeia de Hanniye, os putos, em cuecas e com camadas de ranho seco mais densas do que o manto terrestre, gritam qual (e mais que) os figurantes de “A Revista é linda”, enquanto brincam em cima das cinzas do incêndio que queimou toda a estância. Sobraram apenas duas slot machines com desenhos muito parvos e uma lancheira de um dos operários – deixada ali propositadamente porque a sua mãe tinha-lhe enviado um lanche que era uma porcaria e ele queria Kinder Délice. Enquanto as chuvas ácidas queimam a pele aos transeuntes de Hanniye (os putos que andam em cuecas na rua são imunes a isso) Faustino ataca deseperadamente Manfredo com um baton vermelho-vivo, mas o estupidamente parvo Manfredo defende-se com um Abflex e grita: “Agora sim, já tenho uns abdominais mais duros do que o muro de Berlim”. Faustino desde logo se apercebe que está a lidar com um profissional e dá-lhe uma K7 de Trio Odemira com o hit “Ana Maria”. A partir do momento em que se deixa de ouvir Bon Jovi, a aldeia de Hanniye mergulha num clima de paz e conforto que até Dinorá se consegue soltar. A nossa heroína corre para os braços de Faustino e Faustino injecta-a.
[silêncio. A piada que acabastes de ler foi má de mais]
No momento em que o tão esperado beijo está para acontecer, a mulher do café que não tem nome chega e diz, enquanto sacode dos louros e encaracolados cabelos de Faustino os dois quilos e meio de cinza que ali pousara, “sai um café”. Faustino chora, não por não ter conseguido beijar Dinorá, que tem cambrias nos lábios e não consegue fazer nada senão sorrir, mas por ter ouvido a senhora do café que não tem nome dizer algo tão poético. Manfredo foge para parte incerta.
Mas o momento de tensão está perto. Dinorá, que por sinal mede mais 86 centímetros do que Faustino (mesmo tendo uma acentuada corcunda), abraça Faustino e prepara-se para o beijar, mesmo com a boca completametne presa. Faustino tem medo, pois está a ser apertado com tanta força que, mesmo gagejando, consegue proferir uns laivos de dor e agonia: “e... e... eeeeeu est... tou... tou... tou... tou... estou um pou pou pou pou pou pouco do... do... do... do... dorido. Na na na na na não dá papapapapa seres um ‘cadito má má má máis mei... mei... mei... mei... meiga?”. Dinorá interpreta aquilo como sendo uma ofensa e parte à acção. Desta vez, Dinorá quer ter a certeza que arranca todos os pelos do peito de Faustino. Ora, o nosso orgulhoso Faustino pode perder o amor a muita coisa, mas aos pelos do peito que transporta desde que tem 2 anos, ai, aí ninguém mexe.
[momento de suspense. Manfredo surge de novo e põe, no seu tijolo, “Saricotalho, bacalhau, azeite e alho” de Tonicha. Ao som da melodia sentimental, Dinorá e Faustino trocam olhares de tensão]
Entretanto, Sylvester Stallone passeia-se por ali de avental, enquanto exibe as meias brancas que acabara de comprar nos saldos do “Ferrador”. Envergando uma metralhadora M-60 numa mão e uma faca de trinchar perús e coisas dessas, Stallone pergunta se se passa alguma coisa. Todos respondem: “não não não, então? Claro que não, está tudo bem, não é malta?”, enquanto dão palmadinhas nas costas uns dos outros. A pancada que Dinorá deu em Faustino foi tão forte que este cuspiu três dentes (molares) e ficou ainda mais estrábico.
Sylvester Stallone foge com o rabo à seringa e vem até aqui, a minha casa, esbofetear-me por ter utilizado uma expressão como “fugir com o rabo à seringa”.
Após ver que tinha entortado mais os olhos a Faustino, Dinorá desata a correr sem destino. Por ali passa a mãe de Faustino que, em vez de ir confortar o filho por este agora não conseguir ver as duas mãos ao mesmo tempo, se dirige junto de um empresário circense que ali está, parado, completamente ao acaso, em busca de novos talentos. A barba da mãe de Faustino desde logo convence o empresário, que a põe num número de suspensão a mais de sessenta metros do chão, presa somente pela barba, ali, no meio de todos. (Ainda hoje todos estão para saber de onde apareceu a grua para pendurar a mãe de Faustino e o público para assistir ao seu espectáculo).

Voz off enfemeninada – Até à data, ninguém sabe onde anda Dinorá. Um esquimó afirma tê-la visto perto da Sydney Opera House a fotografar gaivotas com uma máquina que tinha ganho num concurso de projecção de caroços de azeitona com a boca.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Não dá para eu rebentar daqui a uns tempos? É que agora não vem muito a calhar, não.

“Então e essas entradas e tal?”... tenho mesmo de responder a isso? É que sou bem capaz – não sei, isto digo eu – de falar de outra coisa. Da crescente falta de condições para os símios que habitam as florestas da Amazónia, por exemplo. Mas pronto, eu falarei sobre as entradas. Já são um ‘cadito grandes. Direi mesmo que daqui a uns tempos a minha careca será (quase) tão luzidia como a de Pierluigi Colina.
[aí está uma piada estúpida. Esta é a parte em que vocês se riem. Pronto, já está?]
Adiante. As minhas entradas em 2006 foram, como dizer, um tanto ou quanto estranhas. Por onde começar? Talvez pelo facto de eu já estar em 2031. Penso ter contabilizado cerca de vinte e cinco mensagens escritas recebidas, o que significa que estou em 2031. “Feliz ano novo e não-sei-quê e coiso e tal”.
Pois, de referir também que nem um único foguete vi no ar. Caneco. Que passagem de ano. Nem um rebentamento ensurdecedor de uns gramas de pólvora vi. É de realçar o estado traumático no qual me encontro desde dia 1 por causa disso. Nunca mais bebi Frutol de laranja desde esse dia.
Outra. Este texto mais se parece com um diário de uma adolescentezita que tem problemas porque não é igual às outras lá da escola porque as outras calçam botas com um tamanho de sola que ultrapassa o tamanho da sola das botas dela, mas pronto. É doentio, eu sei. O quê? Hã? Ah! Oi? Nhé? Bff... [momento estúpido de onomatopeias]
Mais sobre o início do ano? Humm... o facto de alguém me ter tentado matar. Fora isso, epá, tudo bem.
Passo a explicar. No dia 31 de Dezembro de 2005 a minha garganta, esta que produz tão maviosa voz, foi atingida por uma qualquer bactéria que me impossibilitou de falar com o meu normal e lindo timbre. De repente, fui invadido pela presença de Olavo Bilac e Isabel Figueira e devo dizer que mau cheiro e mamas grandes não são as explicações mais plausíveis para o que acabastes de ler. O que realmente se passou foi que dei comigo a cantar: “Não, não voltarei, a seeeeeer fiééééééél” enquanto dizia “sim” a César Peixoto. Chorei. Estava afónico como tudo. Faltavam dois minutos para a meia-noite e, na esperança de estar a anunciar algo espectacular aos meus amigos, girtei (silenciosamente): “xissa, faltam dois minutos!”, ao que eles responderam: “pois é”. Penso terem sido os dois minutos mais desnecessários da minha vida. Ah!, sim, quando me lembrei de iniciar este texto. Sim, aí foram mesmo os dois minutos mais desnecessários da minha vida. E quando resolvi ser sociável na vida. Pobre mundo.
Mas adiante. Quando chegou a altura de gritar que nem um louco porque tinha passado das onze e cinquenta e nove para a meia-noite, percebi que eu era o único que não estava a gritar. Foi uma passagem de ano em playback! Os sorrisos de todos contrastavam com o meu sorriso (bem amarelado nesse dia, pois, segundo as minhas contas, não lavava os dentes à dois dias) que dizia: “como eu vos invejo. Também queria estar a gritar feito doido porque passámos do dia 31 de um mês para o dia 1 de outro mês”. E isto fez-me pensar. E se em vez de comemorarmos a passagem de ano passássemos a comemorar a passagem de mês? Era muito mais bonito e assim tínhamos motivos para ter festa dupla ao fim do mês (motivo: receber o ordenado e ter mais uma passagem do mês). “Zás... Tráu... Pumba... Tráz... Póinc... Blau...” [este foi o som de eu a auto-flagelar-me nas costas com um martelo dos bifes e um Black&Decker]
A dor de garganta não passava e o medo de ter de mudar o nome para David Figueira assustava-me. Afinal já tinha seios de tamanho considerável e voz para isso. O quê? Como? Eu não tenho seios como os das mulheres? Ah!, pois não. Afinal não tenho, não.
Fui ao médico. Antes de mais devo dizer que este é, sem dúvida, um figurante do Top-ten dos piores médicos do mundo e está lá, todos os anos, a lutar pela manutenção. Quem sabe por um lugar no pódio. Disse ao inepto que me doía a garganta e que tinha ficado sem voz. Ele disse para eu abrir a boca e espreitou lá para dentro durante três segundos. Ainda o meu cérebro estava a processar o facto de, dali a uns tempos, eu ter de voltar a fechar a boca, a besta disse tão-somente isto: “garganta inflamada”. Eu respondi: “jura? É que pensei tratar-se de hemorroidal”. Virei-me para o meu pai e disse-lhe: “olha, que engraçado, e eu a pensar que tínhamos de comprar daquelas cadeiras especiais e tal”.
No momento de prescrever a receita, o obtuso e bronco que ali estava a dizer aos utentes que era médico voltou a falar. Desde logo se ouviu um coro angelical a cantar o mais conhecido excerto da obra “O Messias” (o tão cantado por muitos dos portugueses que, num jantar ou festa qualquer, a dada altura, já têm sangue a mais no álcool) “Hallelujah”, de George Friedrich Händel. O parvalhão (há muito que não insultava alguém assim) perguntou-me: “é alérgico a algum medicamento?”. Eu respondi: “sim, à penicilina”. Até aqui, apenas o facto de eu ter sido atendido pelo pior médico da história da medicina. Até aqui tudo bem. Saí do centro de saúde feliz e contente por estar a caminho da farmácia, um dos locais mais perigosos do mundo. McGyver se pudesse estar fechado numa farmácia durante 22 horas (sim, 22. Porque é que têm de ser sempre 24 horas?) de certeza que fabricaria a arma mais mortífera de todos os tempos. Ainda mais do que a música de Ana Malhoa e de João Portugal.
Na farmácia deu-se o momento mais hilariante do ano 2006 (e ainda estamos no princípio). A senhora da farmácia, confrontada com a pergunta: “esse antibiótico tem penicilina?” respondeu, de forma singela e resignada: “tem”. Eu sujei as cuecas e desatei a gritar. Voltei ao centro de saúde, na esperança de poder obter outro medicamento para tomar e de esbofetear o médico até imprimir as minhas impressões digitais nas suas bochechas. O animal disse apenas isto: “pode tomar, pode tomar”. Pronunciei apenas isto: “é que... eu não me apetece muito rebentar para aí e isso. Não me dava muito jeito morrer agora. Tenho umas coisas a fazer e não me calha muito rebentar”.
De volta à farmácia. A receita foi aviada, contra a opinião da farmacêutica. De facto, não sei ainda o que me fez comprar a porcaria do medicamento. O que é certo é que ainda não o tomei e tenho estúpidos e descabidos ataques de riso sempre que me lembro deste medicamento, uma vez que um grama desse químico me pode fazer rebentar. Não estava nos meus planos tomar Clamoxyl e depois explodir, mas pronto. Ficou a intenção do pior médico do mundo. Se as minhas entradas foram boas? Foram foram. Hoje andei o dia todo com os boxers vestidos do avesso. Claro que sim, foram excelentes!

terça-feira, janeiro 03, 2006

Carta de Ano Novo.

Caro Senhor Administrativo,

Será que por começar a passagem de ano com a cabeça e o corpo(ainda que de forma pouco física) espalhados por tantos sítios (Óbidos, Santa Cruz, Sobral de Monte Agraço, Évora, o Mundo) vou acabar o ano esquartejado e atirado para alguma valeta?

Agradecia resposta rápida para poder escolher a melhor valeta de Lisboa.

Eu.


P.S. - A água do duche tem vindo gelada. Uma conversa com o senhorio ajudaria.