sexta-feira, julho 22, 2005

Sintra a ferro e fogo

São poucos os momentos que ficam na nossa memória para sempre. Um passeio de carro pelas curvas e contracurvas da Serra de Sintra, passando pela Malveira e companhia é sempre de assinalar como um feito inigualável. Nem mesmo Michel Vailànt conseguiria tal proeza. (Mas porquê a referência a esse piloto de carros francês?)…não sei. Seria o papa-tours de France (Lance Armostrong) uma melhor referência? É que esse senhor não sabe fazer mais nada senão ganhar o Tour. Queria vê-lo a subir a nossa Serra da Estrela, queria ver. Punha lá um grelhador, um cadeirão e um chapéuzito de sol na estrada e queria ver se ele passava. Com o cheiro a entrecosto e entremeada nem pedalava mais, ficava logo ali a comer o belo do churrasco.
De referir, ainda que tarde, que esta autêntica pérola da literatura é escrita ao som de “A Ferro e Fogo” de Zezé di Camargo e Luciano.
O calor aperta cada vez mais e o que apetece é pôr a cabeça de fora do carro, mesmo que isso signifique ser decapitado por um ramo de uma árvore plantada há mais de mil anos e que apenas serve de suporte para cartazes de festas como: “Grande actuação, amanhã, dia 22/7, Nelo Silva e Cristiana, no Coreto de Arrifana” – Arrifana foi a terra que me veio primeiro à cabeça. Podia ter dito Alguidares, mas essa já ‘tá muito batida – e de apoio a ninhos de rolas, pombos e outro pássaros estúpidos que de amigos não têm nada, uma vez que despejam para a nossa roupa lindas prendas (em formato liquidefeito), geralmente num tom esbranquiçado e com um aroma a menta que eu sei lá. Gosto particularmente quando temos sabor stracciatela.
Adiante… ao pôr (que coisa, mas quem põe não são as galinhas?) a cabeça de fora, constato que o cheirinho a eucalipto será meu companheiro por essa jornada fora. Afinal não. Além desse odor, o meu olfacto pode também sentir o bálsamo a atum. Atum esse degustado por mim três horas antes, numa sandér que de fresco não tinha muito. Chego a pensar que crescem atuns nas árvores da serra de Sintra. Não. Crescem antes salmonelas (e das grandes) no estômago de alguém que só queria sentir a essência da natureza. Mais tarde, as ditas salmonelas são despojadas, qual nómadas que tinham chegado à poucochinho à Terra que julgavam ser delas numa frenética e apoteótica ode à natureza denominada “O 5º andamento da eructação, em Mi bemol”. Maestro António Vitorino de Almeida, aguardo o seu contacto impacientemente.
Oh, que agradável, uma folha de eucalipto (e bicudas que elas são) toca-me, de raspão, a face. É suave a sensação, tendo eu a noção de que mais um pouco e a dita suave e terna folha podia ter causado mais estragos... como VAZAR-ME UMA VISTA! Ma num fá male. [dislexia]

As curvas sucedem-se e o desconforto começa a ser notório. Agora, com a cabeça de fora, a levar com o ar límpido e puro da serra, sou agredido na fronte com uma pinha de tamanho tal que a única coisa que aproveitei desse momento foi o facto de ter pinhões já descascados a entrarem-me pelas narinas e pelas orelhas a dentro. Bonito.
Fechei a janela. Se calhar já era hora.
C’licença. Tenho de ir limpar a areia onde o meu gato faz as suas necessidades. Mais tarde punir-me-ei severamente com uma costeleta de novilho congelada (nas costas)
por ter utilizado, num texto meu, a palavra “poucochinho”.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

CM EH K NG COMENTOU ISTO
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8:30 da tarde  

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