segunda-feira, julho 04, 2005

É injusto!

Há vinte e um, vinte e um – repito – vinte e um anos, que ando neste mundo e agora me apercebo daquilo a que me privaram. É verdade, durante toda a minha infância, fui um ser limitado aos Playmobiles e aos Legos – essas duas autênticas instituições. Volta-e-meia lá aparecia um Transformer, mas isso já era demais para esta mente perturbada que só se consegue lembrar do pânico que era Carlos Alberto Moniz a cantar que queria que eu e todas as crianças que viam o seu programa fizessem amigos entre os animais, porque amigos daqueles não eram demais na vida e que eles tinham uma família como eu e tu… [lágrimas].
A maior tortura que me podem fazer neste momento é obrigarem-me a olhar (basta olhar) para um piscina de bolas coloridas. O mundo desabou, este domingo, quando num daqueles restaurantes de fast-food – que eu não vou dizer o nome, porque, mais uma vez, digo que eles não me pagam para isso… (e aqui se vê o quão sovina sou… e também se vê a minha parva capacidade para fazer “apartes” do tamanho de um romance de Miguel Sousa Tavares) – me deparei com uma piscina de bolas.
Confesso. É um sonho! O meu sonho é entrar numa piscina de bolas coloridas e poder, lá de dentro, atirar bolas cá para fora, para os adultos que estão a comer. E poder brincar nos túneis da piscina e poder fazer tudo o que os-putos-que-passam-lá-três-horas-e-meia-fazem-e-que-eu-não-sei-o-que-é.

Mas é verdade. No meu tempo não havia nada disto. Quando apareceram as piscinas de bolas, já eu não podia lá entrar, porque já tinha feito os dez anos de idade (há duas semanas atrás) e porque já media mais de metro e meio (e também já calçava o 43,5). Isto quer dizer que foi tudo um complô para me fazerem sofrer. Os senhores das piscinas de bolas instalaram tudo para que eu não pudesse ter o prazer de entrar numa dessas piscinas. [Tristeza, consternação, mágoa, dor].
E porque é que é preciso os putos descalçarem-se para lá entrarem? Caramba, isso também foi planeado, porque mesmo que eu entrasse lá, eles descobriam-me devido ao cheiro intenso a bolor que emana dos meus pés. Uma pessoa também perde o apetite.
Com licença, vou beber um copo de capilé.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

eu proponho à gde comunidade deste bolgue k se faça uma vakinha (PAH!!! k se junte dinheiro) pa comprar uma piscina de bolas para o sr David!! é k viver 21 anos sem nc ter entrado numa piscina de bolas é dose... eu inda só vivi 18 e sei u k sofro!!

4:48 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Hah hah! Da próxima vez que vir uma dessa piscinas vou a correr para lá só para me rir parva e amalucadamente de vocês! Sim, porque apesar de ter 19 anos, o meu metro e meio de altura permite-me passar por criança! Nha, nha, nha, nha, nha! Ah pois! Como é que acham que eu andei a pagar meio bilhete de autocarro Caldas-Foz, Foz-Caldas até aos 14 anos? Hah hah! Azar o vosso! Não bebessem tanto leite...

P.S.: Como se pode ver, a minha mentalidade continua a ser de criança. Mais uma razão para poder entrar nas piscinas com bolas coloridas. HA-HA!

10:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

P.P.S: Eu tenho o álbum da Arca de Noé. Em vinil. Ainda hoje não evito as lágrimas...Pior só mesmo ouvir a música da Rua Sésamo...

Vem brincar, traz um amigo teu
E ao chegar, tu vais poder também
Aprender como se vai até à Rua Sésamo

10:15 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

atenção!!agr, graças ao post de anaoj lembrei-me que num belo dia a Escola Primária de A-da-Gorda foi de visita de estudo assistir à arca de noé!! eu n fui (c gde pena) mas minha irmã teve lá, e eu tmb lucrei c isso, uma x k ela trouxe um caixote de papelão com: diversos pacotes de bolachas e tulicreme de vários sabores!!! isso vcs sabiam k eles davam poix n?? mas davam e eu comi!!!!

11:37 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu ainda sou do tempo em que as bolas eram de sabão...eram transparentes e ao mesmo tempo tinham todas as cores do arco-íris...de todos os tamanhos...grandes, médias, pequenas (dependendo da quantidade de detergente da loiça que conseguias surripiar à tua mãe).E eram bolas que viajavam...era capaz de ficar a olhar para elas à espera que rebentassem. Aquelas q não rebentavam (pensava eu!) eram especiais e estavam destinadas a viajar até lugares recônditos e a ver coisas que nenhum olho viu até hoje!!! Cheguei a pensar que podia voar numa delas!!!Imaginação...essa coisa que na sua forma pura já quase n se encontra e que agora se usa de uma forma pervertida!!
No meu tempo as bolas também eram paralelipípedos repletos de palavras e de histórias e de pessoas. O papel rapidamente se transformava numa espécie de tapete mágico que me levava a qualquer parte, sem limites!!!
Eram também árvores das quais subia, das quais caía...nas quais me balouçava e quando fechava os olhos...voava mais uma vez!!!
Eram os piqueniques no campo onde toda a família se reunia...onde descobria novas espécies de insectos, de pássaros e de flores...uma águia, uma raposa, um coelho, uma cegonha, uma avestruz...à distância de um olhar...e sem estruturas metálicas, em forma de prisão, a rodeá-las!!!
Eram os banhos no rio...os atropelamentos pelos peixes mais distraídos...as escorregadelas nos seixos menos pisados!!!
Eram as mesmas histórias contadas pelos mais velhos...reinventadas pela enésima vez...sempre com um pormenor novo...sempre diferentes!!!
As bolas podem ter muitas formas, muitos cheiros...muitas cores!!!
Quando penso em tudo isto e olho para as bolas ocas que existem no McDonalds, fico triste...mas n por ser privada de lá estar.
Fico triste porque penso que com os seus 3-4 anos (ou até menos)os miúdos já lá estão, o que significa que já lá vão comer comida de plástico e beber coca-cola com o pretexto de ganhar um bonequinho. Os pais pensam: "é mais rápido assim e os putos até gostam".
Imagina a cena...depois do belo passeio pelo centro comercial (a ver montras!!)sentam-se todos na mesa e começam a ingerir sofregamente a comida (sim, porque o termo fast-food n se refere apenas à rapidez com que é confeccionada). Mal acabam de comer os miúdos começam a chatear com perguntas estúpidas como: "de onde vêm os bebés?", ou "porque me caem os dentes?", ou "onde vive o pai natal?" ou "vocês gostam de mim?", e os pais para não os ouvir (eu pessoalmente acho que é porque não sabem responder às perguntas!!)mandam-nos para onde?? Pois é...a casinha das bolas coloridas.
Muitas vezes os miúdos estão fartos de estar junto dos pais...ora porque n falam, ora pq falam demais!!!Qual é a alternativa?! A casa das bolas coloridas!!!
E olha que aquilo não é pêra doce...um destes dias espreitei para lá e...foi um terror!!
Uma das miúdas estava completamente coberta pelas bolas numa espécie de afogamento a seco, os outros 7 estavam à pancada numa imitação fidedigna dos seus super-heróis televisivos: "Morre...pás...pás...agora faz de conta que te espetei uma faca no olho e que o cérebro te está a sair pelo nariz" ao que a vítima lobotomizada responde:"mas eu ainda não morri...tenho aqui um ácido que te vou mandar e vais derreter todo até ficarem só os ossos". Depois disto e de um pequeno debate sobre quem tinha mais poderes acabaram à estalada!!!
Outros ainda lançavam projécteis coloridos só para chamar a atenção dos progenitores!!!
Depois disto tenho a dizer, companheiro David, fizeste história com os teus Playmobiles…construíste edifícios dignos de um Siza e inventaste engenhosas máquinas com os teus legos…por isso n fiques triste por n poderes entrar lá.
Mas tens razão quando dizes: “é injusto”….é injusto que os miúdos de hoje sejam privados de conhecer outras coisas…melhores!!!
Mais uma vez desculpa a extensão do comentário...tenho dificuldade em escrever pouco.

5:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cheguei a ir a uma piscina de bolas uma vez e também me sinto frustrada por não ter podido ir mais...

PS: Eu sei a que restaurante te referes mas também não digo...

9:25 da tarde  
Blogger EuMesmo said...

eu já "tomei banho" numa dessas piscinas, toma toma...

6:38 da tarde  

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