quarta-feira, janeiro 04, 2006

Não dá para eu rebentar daqui a uns tempos? É que agora não vem muito a calhar, não.

“Então e essas entradas e tal?”... tenho mesmo de responder a isso? É que sou bem capaz – não sei, isto digo eu – de falar de outra coisa. Da crescente falta de condições para os símios que habitam as florestas da Amazónia, por exemplo. Mas pronto, eu falarei sobre as entradas. Já são um ‘cadito grandes. Direi mesmo que daqui a uns tempos a minha careca será (quase) tão luzidia como a de Pierluigi Colina.
[aí está uma piada estúpida. Esta é a parte em que vocês se riem. Pronto, já está?]
Adiante. As minhas entradas em 2006 foram, como dizer, um tanto ou quanto estranhas. Por onde começar? Talvez pelo facto de eu já estar em 2031. Penso ter contabilizado cerca de vinte e cinco mensagens escritas recebidas, o que significa que estou em 2031. “Feliz ano novo e não-sei-quê e coiso e tal”.
Pois, de referir também que nem um único foguete vi no ar. Caneco. Que passagem de ano. Nem um rebentamento ensurdecedor de uns gramas de pólvora vi. É de realçar o estado traumático no qual me encontro desde dia 1 por causa disso. Nunca mais bebi Frutol de laranja desde esse dia.
Outra. Este texto mais se parece com um diário de uma adolescentezita que tem problemas porque não é igual às outras lá da escola porque as outras calçam botas com um tamanho de sola que ultrapassa o tamanho da sola das botas dela, mas pronto. É doentio, eu sei. O quê? Hã? Ah! Oi? Nhé? Bff... [momento estúpido de onomatopeias]
Mais sobre o início do ano? Humm... o facto de alguém me ter tentado matar. Fora isso, epá, tudo bem.
Passo a explicar. No dia 31 de Dezembro de 2005 a minha garganta, esta que produz tão maviosa voz, foi atingida por uma qualquer bactéria que me impossibilitou de falar com o meu normal e lindo timbre. De repente, fui invadido pela presença de Olavo Bilac e Isabel Figueira e devo dizer que mau cheiro e mamas grandes não são as explicações mais plausíveis para o que acabastes de ler. O que realmente se passou foi que dei comigo a cantar: “Não, não voltarei, a seeeeeer fiééééééél” enquanto dizia “sim” a César Peixoto. Chorei. Estava afónico como tudo. Faltavam dois minutos para a meia-noite e, na esperança de estar a anunciar algo espectacular aos meus amigos, girtei (silenciosamente): “xissa, faltam dois minutos!”, ao que eles responderam: “pois é”. Penso terem sido os dois minutos mais desnecessários da minha vida. Ah!, sim, quando me lembrei de iniciar este texto. Sim, aí foram mesmo os dois minutos mais desnecessários da minha vida. E quando resolvi ser sociável na vida. Pobre mundo.
Mas adiante. Quando chegou a altura de gritar que nem um louco porque tinha passado das onze e cinquenta e nove para a meia-noite, percebi que eu era o único que não estava a gritar. Foi uma passagem de ano em playback! Os sorrisos de todos contrastavam com o meu sorriso (bem amarelado nesse dia, pois, segundo as minhas contas, não lavava os dentes à dois dias) que dizia: “como eu vos invejo. Também queria estar a gritar feito doido porque passámos do dia 31 de um mês para o dia 1 de outro mês”. E isto fez-me pensar. E se em vez de comemorarmos a passagem de ano passássemos a comemorar a passagem de mês? Era muito mais bonito e assim tínhamos motivos para ter festa dupla ao fim do mês (motivo: receber o ordenado e ter mais uma passagem do mês). “Zás... Tráu... Pumba... Tráz... Póinc... Blau...” [este foi o som de eu a auto-flagelar-me nas costas com um martelo dos bifes e um Black&Decker]
A dor de garganta não passava e o medo de ter de mudar o nome para David Figueira assustava-me. Afinal já tinha seios de tamanho considerável e voz para isso. O quê? Como? Eu não tenho seios como os das mulheres? Ah!, pois não. Afinal não tenho, não.
Fui ao médico. Antes de mais devo dizer que este é, sem dúvida, um figurante do Top-ten dos piores médicos do mundo e está lá, todos os anos, a lutar pela manutenção. Quem sabe por um lugar no pódio. Disse ao inepto que me doía a garganta e que tinha ficado sem voz. Ele disse para eu abrir a boca e espreitou lá para dentro durante três segundos. Ainda o meu cérebro estava a processar o facto de, dali a uns tempos, eu ter de voltar a fechar a boca, a besta disse tão-somente isto: “garganta inflamada”. Eu respondi: “jura? É que pensei tratar-se de hemorroidal”. Virei-me para o meu pai e disse-lhe: “olha, que engraçado, e eu a pensar que tínhamos de comprar daquelas cadeiras especiais e tal”.
No momento de prescrever a receita, o obtuso e bronco que ali estava a dizer aos utentes que era médico voltou a falar. Desde logo se ouviu um coro angelical a cantar o mais conhecido excerto da obra “O Messias” (o tão cantado por muitos dos portugueses que, num jantar ou festa qualquer, a dada altura, já têm sangue a mais no álcool) “Hallelujah”, de George Friedrich Händel. O parvalhão (há muito que não insultava alguém assim) perguntou-me: “é alérgico a algum medicamento?”. Eu respondi: “sim, à penicilina”. Até aqui, apenas o facto de eu ter sido atendido pelo pior médico da história da medicina. Até aqui tudo bem. Saí do centro de saúde feliz e contente por estar a caminho da farmácia, um dos locais mais perigosos do mundo. McGyver se pudesse estar fechado numa farmácia durante 22 horas (sim, 22. Porque é que têm de ser sempre 24 horas?) de certeza que fabricaria a arma mais mortífera de todos os tempos. Ainda mais do que a música de Ana Malhoa e de João Portugal.
Na farmácia deu-se o momento mais hilariante do ano 2006 (e ainda estamos no princípio). A senhora da farmácia, confrontada com a pergunta: “esse antibiótico tem penicilina?” respondeu, de forma singela e resignada: “tem”. Eu sujei as cuecas e desatei a gritar. Voltei ao centro de saúde, na esperança de poder obter outro medicamento para tomar e de esbofetear o médico até imprimir as minhas impressões digitais nas suas bochechas. O animal disse apenas isto: “pode tomar, pode tomar”. Pronunciei apenas isto: “é que... eu não me apetece muito rebentar para aí e isso. Não me dava muito jeito morrer agora. Tenho umas coisas a fazer e não me calha muito rebentar”.
De volta à farmácia. A receita foi aviada, contra a opinião da farmacêutica. De facto, não sei ainda o que me fez comprar a porcaria do medicamento. O que é certo é que ainda não o tomei e tenho estúpidos e descabidos ataques de riso sempre que me lembro deste medicamento, uma vez que um grama desse químico me pode fazer rebentar. Não estava nos meus planos tomar Clamoxyl e depois explodir, mas pronto. Ficou a intenção do pior médico do mundo. Se as minhas entradas foram boas? Foram foram. Hoje andei o dia todo com os boxers vestidos do avesso. Claro que sim, foram excelentes!

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

fxte pa tocha como e k kerias ouvir foguetes? sinceramente!...loOL e axim a vida ta xeia de medicos maus, o teu e lento, o meu tem tikes gay o k e sempre de suspeitar mx pronto.....
bOm anO

8:01 da tarde  
Blogger Anaoj said...

Eu ainda só estou em 2008...

9:19 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home