quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Este texto é uma mera e estúpida ocupação de espaço

Algumas questões pertinentes (mas que, no entanto, não têm qualquer validade ou lógica) que, ultimamente, têm assolado a mona deste vosso amigo:

1. Quem de nós não tem um telefone móvel? Quem é o português que não possui essa maravilha da tecnologia que é o telemóvel? …todos têm um telemóvel. Alguns mais do que um. (É impressão minha ou estas palavras atrás redigidas não trazem nada de novo ao mundo? …pois, não trazem mesmo nada de novo ao mundo. Mas também não faz mal). Debato-me com uma questão que não me tira o sono mas que me inquieta, levando-me a coçar, volta e meia, a sobrancelha esquerda com alguma violência.
No universo das comunicações móveis existe a mais inglória, estúpida e despropositada de todas as funcionalidades – o relatório de entrega de uma mensagem escrita. Este chega apenas para dizer que a mensagem que enviámos há três minutos atrás está pendente. CARAMBA, pá! Há lá coisa que mais me irrita? Sim, por acaso há, mas isso agora não é para aqui chamado.

2. Todos os casamentos celebrados na língua inglesa até agora, desde a antiguidade, foram falsos. Passo a explicar:
Pessoa que casa: “Mervin, do you accept Linda to be your beloved wife until… bla bla bla bla chirbititátátá urrá urrá yahaweeeeeee?”
Mervin: “I do.”
Pessoa que casa: “I now pronounce you husband and wife. You may kiss the bride and do the Cha-cha-cha.”
Mentira! Mervin e Linda ainda não estão casados. Mervin não aceitou! Mervin não disse sim. Mervin disse: “Eu ‘faço’.” To do é um verbo que exprime a acção de fazer algo. Logo, Mervin não disse sim. Para Mervin estar casado teria de ter respondido: “Yes.”. Aí sim, o desgraçado estaria casado. Agora não. Nem ele nem todos aqueles que se casaram respondendo “I do”. Ninguém responde “Eu faço” quando lhe perguntam se quer casar. É a mesma coisa que perguntarem-me se eu quero filhózes para o almoço e eu responder: “está frio”.

3. O pão ralado. É ou não um desperdício de comida? O que vai acontecer ao taxista que, após uma bandeirada de 34,57 euros, na qual levou um turista japonês dos Olivais à Gare do Oriente, quer parar numa daquelas ‘relotes’ para comer a sua bela sandér? Chega lá e é-lhe dito que o pão acabou, mas (FESTA): “ainda há pão ralado!”, grita a mulher que não se sabe se é homem. É desmedido. É sem fundamento. Ninguém no seu perfeito juízo quer pão ralado. Pão é pão. Pão é para se comer, não para ralar como as cenouras.

4. Que género de pai manda o filho para o quarto, de castigo, sem lhe dar de jantar. Tantas vezes vemos isso nos filmes e telenovelas. O filho/a fez algo de mal na escola. O pai, durante o jantar, pergunta ao filho como correu o seu dia. O filho, displicente, responde: “incendiei a sala e dei uma sova com um taco de golf à stôra”. O pai, num acesso de fúria, grita: “vai já para o teu quarto!” É que é logo. E a pobre criança ainda nem sequer tinha acabado a sopa. Depois queixam-se que as crianças só comem porcaria. Pudera, os pais mandam os putos para o quarto sem estes terem jantado. Onde é que está o amor paternal?

5. O stand-up comediant. Que é que faz um gajo, em pé, em frente a um microfone que nem sequer trabalha? É que o comediante traz um microfone de lapela. Para quê porem-lhe lá outro microfone? Mais. Quando a piada não tem mesmo piada e é mesmo má, o que é que o desgraçado pode fazer? Nada. Ainda tem mais seis minutos para estar ali de pé e já ninguém vai achar piada ao que ele diz. “Vi um cão a fazer cocó! AHAHAHAHAHAHAHAHAH!”, ri-se o comediante, pensado que acabou de dizer a maior e mais inteligente chalaça do mundo. Não. O público mantém-se impávido e sereno, sendo que a única pessoa que ri ou bate palmas é o brasileiro contratado para andar a correr, de um lado para o outro, à frente da assistência, a pedir encarecidamente para o público bater palmas, dando assim a ideia de que afinal ainda há uma razão para aplaudir.
Com franqueza.
Porque é que será que, neste momento, me estou a sentir como o comediante que disse que tinha visto um cão a fazer cocó? É que… pá… ninguém se ri e isto que eu estou a escrever não tem piada.

Com licença. [momento de intermináveis piscar de olhos] Após ter lido isto tudo de novo, constatei que em cerca de 32 minutos da minha vida, escrevi, talvez, o texto mais sem sentido e infundado de toda a minha vida. Estou orgulhoso.
Afinal, sou o novo José Saramago. Melhor, serei eu um político?
[onomatopeia seguida de um ditongo]

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O meu pai não tem telemóvel!

4:08 da tarde  
Blogger Anaoj said...

Em relação ao ponto 2:

O verbo 'to do' significa de facto 'fazer' mas também pode ser utilizado como verbo auxiliar, não tendo, nessas situações, qualquer significado próprio, servindo apenas propósitos gramaticais. Logo, e visto que toda e qualquer pergunta em inglês que peça uma resposta de sim ou não, começa com o verbo auxiliar 'Do' (ou na terceira pessoa 'Does') a resposta mais formal será constituída pelo sujeito (neste caso 'I') mais o verbo auxiliar ('do').

A resposta informal seria 'whatever.'

E aqui está uma maneira de estragar piadas.

5:12 da tarde  

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