sexta-feira, outubro 28, 2005

Aguenta aí mais um pouco, Odete

Esta manhã fui protagonista de uma experiência que, no mínimo, pode ser qualificada de inovadora.
[Sr. Daniel Sampaio, se algum dia tiver a oportunidade de observar esta iluminada e soberba massa crânio encefálica que possuo contemplará aquilo a que muitos chamam de a “Canaã do Conhecimento”. E chorará]
De facto, durante o período matutino de hoje, enquanto o estado de latência em que me encontrava ainda me enchia de inércia de tal maneira que esta já me saltava pelos sacos lacrimais, procedi à mais arrojada e excessivamente estúpida experiência da minha vida desde que, nos idos da década de noventa, ainda no século passado, vi um episódio completo do Big Show Sic.
Prostrado no meu leito, contei todos os minutos até que a minha bexiga se assumiu como séria concorrente (em termos de tamanho) a tão distintos, pesados e grandes objectos como são as bolas de bowling. É verdade, basicamente o que fiz hoje de manhã foi ver quanto tempo aguentava sem urinar. Já do tamanho de um capacete das obras, a bolsa de parede elástica, dotada de uma musculatura lisa, a quem eu chamo de Odete (sim, a minha bexiga chama-se Odete), gritava, ao longo dos corredores do meu aparelho excretor, que assim não podia ser. O intervalo da micção durava já há mais de nove horas e meia. Sendo que a capacidade média da bexiga de um adulto é de meio litro de líquido, é imperativo salientar aqui que a bexiga deste amigo que a vós se dirige assumia volumes na ordem dos 43 litros, capaz de competir, muito bem, com uma qualquer pipa ou tonel das Caves do Vinho do Porto Ramos Pinto.
À medida que o entorpecimento das três pestanas do lado direito do olho esquerdo tomava lugar e as lágrimas escorriam, qual carpideira, verifiquei que o peso das minhas ramelas me impedia de andar direito. Além disso, o cérebro já não dava ordens ao meu corpo ia pa’ três quinze dias. Estava assim desde que vira, pela primeira vez, na íntegra, o Às Duas por Três.
A ida á casa de banho estava próxima, mas antes tinha de enfrentar um problema maior – o de convencer-me a mim próprio que o desafio podia acabar por ali, uma vez que as dores no baixo-ventre e a súbdita vontade de escutar José Alberto Reis eram uma realidade. Havia medo. E sim, mijar os lençóis de urina era algo que não acontecia desde que fizera chichi na cama pela última vez (há dois meses), sendo que até aqui tenho usado fralda de noite por respeito à minha mãe, que me obriga, porque diz que está farta de que os vizinhos do prédio da frente lhe perguntem: “quem é que sofre de incontinência lá em casa?”.
E sim, o desafio foi vencido. A vontade era imensamente grandiosa, mas contive-me até não dar mais. Foi, sem sombra para dúvidas, o desafio mais absurdo e estapafúrdio que alguma vez propus a mim próprio – depois do de escrever isto.

Notas do autor, editor e parvo: Um tonel, na sua capacidade máxima, pode guardar vinte mil litros de líquido. Se calhar exagerei um pouco. Um pouquinho, só.
Quanto aos nomes dos restantes órgãos do meu corpo, passo a citar: coração – Amílcar; fígado – Zé Manel; rins – Jorge (esquerdo) e Manolo (direito); pulmões – Victor (esquerdo) e Alfredo (direito); pâncreas – Tomás; bílis – Amélia; intestino delgado – Artur; intestino grosso – Bud Spencer (é sempre a distribuir…).
[pânico]
O que fui eu dizer?… esta foi, sem dúvida, a pior piada da história da Internet.
[os meus olhos reviram-se agora a uma velocidade excessiva]
Sim, quando finalmente fui à casa de banho para urinar, estive, de acordo com o cronómetro que tenho na casa-de-banho (o que é que faz um cronómetro na casa-de-banho?), trinta e um minutos a urinar. E que bem que soube.

2 Comments:

Blogger Anaoj said...

"Serei só eu ou este post é completamente descabido e desnecessário?" - diz a pessoa que ouve as 'Taras e Manias' de Marco Paulo vezes e vezes seguidas enquanto faz Sudokus, posta* no seu blog e faz piadas secas como a que aí vem.

*posta (não, não é de pescada).

3:54 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Permita-me dar lhe os parabéns pois a partir da leitura do seu post pude facilmente concluir que o sr david teve a sorte de ter uma fase anal bem sucedida, uma vez que consegue controlar os esfincteres na perfeição, qual cirança de 4/5 anos!! parabéns!! já valeu a pena viver só para saber isso!

7:31 da tarde  

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