terça-feira, novembro 08, 2005

Pus Halibut no elevador e assustei-me

Gosto de pensar que ainda há coisas neste mundo que me surpreendem. E não é que as há? Há, há! De verdade que há. Há mesmo. Olhem que há. Há, há. Há? Há.
[chega]
Recentemente fui confrontado com uma situação que me deixou um tanto ou quanto, como dizer, sem reacção. De facto, há coisas bem mais interessantes de se fazer do que aquilo que a seguir retratarei com tanto medo.
É no elevador do espaço académico que frequento que se passam as maiores loucuras de que há memória em Portugal. Ali há mais insanidade do que no Parlamento.
Ao chamar o elevador (é a última vez que me ponho aos gritos a chamar pelo elevador) entrei mais uma colega minha. Lá dentro estavam quatro alunas da Escola Superior na qual estudo. Dessas quatro, uma era detentora de um perímetro (quase) equivalente ao de duas Valentinas Torres e uma Simara. É certo que o desgraçado do elevador (esse desgraçado que tem uma das mais miseráveis vidas ao cimo da Terra. Anda para baixo e para cima. Nunca pôde olhar para o lado, sequer) já se queixava do peso que suportava, piscando, ora sim ora não, a lâmpada de presença instalada no tecto. O suor começou a escorrer pelo meu corpo e, por instantes, os mais tenebrosos pensamentos invadiram o meu ser. Os estranhos e difusos ruídos emitidos pelo elevador anteviam o pior. Era certo. Preso no ascensor era o mais provável dos cenários. Quando se dá o primeiro solavanco, ouvem-se gritos de histeria e eu solto um gás (daqueles que… ok, vocês não devem querer saber pormenores). Segundos depois – todo o milésimo de segundo que ali passava tinha a penosa e longa duração de um Festival Eurovisão da Canção – o segundo ruído. Aí, ouvi a frase mais assustadora da minha vida (a seguir à ordem do médico que me operou em Maio último, quando tirei um enorme e brutal caroço do glúteo esquerdo. A frase foi a seguinte: - “Dispa as calças e deite-se de costas na marquesa.”. E eu fiz isso e verti lágrimas) até hoje. A senhora que deve tomar o pequeno-almoço na “Meta dos Leitões” disse tão-somente isto: - “Ai, que eu não quero morrer virgem!”.
O silêncio era ensurdecedor. O elevador manteve a firme postura e levou-nos até ao destino. Aqueles cabos de aço que o sustêm há já onze anos nunca sofreram tamanha tensão e, no entanto, portaram-se como dois homens de barba rija.
[Ã?, a piada foi má?… “barba rija… aço” …]
Num laivo de desespero comecei a cantar, baixinho, o Hino Nacional, na esperança de me esquecer rapidamente daquilo que acabara de ouvir. A única coisa em que eu pensava era: - “eu não precisava saber isto, ainda para mais sendo eu o único homem, no meio de cinco mulheres, dentro de uma interminável e estúpida viagem de elevador.”.
Foi sem dúvida o momento estúpido da semana e eu só queria era encontrar, depressa, uma sanita, para mergulhar lá a cabeça, puxar o autoclismo, e esperar que o WC Pato fizesse o seu efeito.
A propósito, alguém me sabe explicar o porquê de o Halibut, essa pomada cicatrizante para assaduras e outros que tais composta por Colecalciferol 625 U.I./g mais Retinol, palmitato 5000 U.I./g mais Zinco e óxido 150 mg/g tem, também na sua estúpida e complexa composição, “aroma a baunilha”? É verdade. Hoje de manhã, quando ainda não tinha lavado os olhos com uma mangueira do Elefante Azul (tem de ser assim senão as ramelas não saem) deparei-me com este enigma. Desde logo pensei estar a ser vítima de um qualquer rasco e triste episódio de apanhados portugueses, mas não, eles não iam a Alfornelos, pensei para comigo. De facto, na bisnaga do Halibut lá de casa está escrito, na composição do medicamento, “aroma a baunilha”. Fui invadido pela vontade de ir buscar umas bolachinhas, pois também ainda não tinha tomado o pequeno-almoço, mas enfiei os dedos da mão direita na tomada do secador e, com a mão esquerda, abri a torneira do lavatório e ali a lavei. Passou-me logo a vontade. E não, por favor, não façam isto de por os dedos na tomada. Dói um pouco.

Agora expliquem-me. Aroma a baunilha? Numa pomada para assaduras? Será a pele assada e por cicatrizar uma amante devoradora de baunilha? Não sei, só sei que esta é realmente uma questão que me inquieta. Daqui a tempos é o Betadine com sabor a maracujá e o Fenistil Gel com sabor a lima-limão.
[Que alusão tão estúpida]

3 Comments:

Blogger Helder Mendes said...

Porra, só o título já me fez rachar de rir!!!!!!!

4:43 da tarde  
Blogger Anaoj said...

"Always look on the bright side of life..."

12:40 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

venho apeenas deixar a minha solidariedade, tendo eu igualmente presenciado tal momento aflitivo e diria ate sufocante... realmente não precisavamos nada de saber aquilo....

12:15 da manhã  

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