A ocidental praia lusitana
Longa foi a espera de vossas excelências. Penosa foi a tal caminhada repousante denominada “férias” para vós. Vejo que a saudade já tomava conta de vocês, caros leitores (Mas o que é isto?! Pareço uma consultora de culinária de uma revista de baixo orçamento. Ninguém trata os leitores por tu. Eu trato).
É verdade, depois de um longo interregno este escrivão que tanto mal fez à comunidade blogiana/bloguesca/blogueira/bloguiante está de volta, mais parvo e audaz – bem, audaz não será bem o termo (termo de sopa?) mas serve – do que nunca. E olhem que o ‘nunca’ não me chega aos calcanhares. …bem, está dita a piada estúpida do dia.
À questão - “o português gosta de praia?”, respondo não. Para mim, o típico português, indivíduo caucasiano de pele copinho-de-leite, bigode farfalhudo e barriga proeminente apenas se passeia pela praia para exibir as tatoos feitas na loja “Oriente-se” do Centro Comercial Colombo. Aquelas que têm um coração com forma de bílis e que por baixo têm escrito, a um azul muito feio, os ditos: “Amor de mãe”, “amo-te Anabela” e, claro está, as já clássicas alusões a países africanos – sítios nos quais nunca estiveram.
O que me faz dissertar sobre a praia?
Serão os gritos de putos nus (não sei se por prazer dos pais ou se por falta de dinheiro para comprar uma cueca ao rapaz) que na cara já misturam o ranho seco com algas e areia molhada? Serão essas mesmas crianças que, quando estamos deitados na toalha a receber o tão desejado e saudável iodo, passam por nós a correr e a única coisa que nos ocorre é correr para a água para tirar os 3,5 kg de areia que temos no corpo? Serão os geniais pregões dos vendedores ambulantes de gelado? (meu Deus, os desgraçados daqui a uns tempos têm de vestir gabardina. Nunca vi gente tão vestida na praia como os vendedores de gelado. Penso que o patrão desses senhores a cada dia pensa: - “hum, que roupa devem os parvos vestir hoje?... já sei, um anorack!”.). Serão as numerosas famílias de emigrantes luxemburgueses, cuja principal actividade na praia é comer e chamar pelo filho Jean Pierre uma vez e, quando os nervos já estão à flor da pele depois de tanto o advertir, chamar o mesmo filho mas pelo nome de João Pedro? Serão as desconcertantes e feias senhoras que teimam em fazer topless e que a única pessoa que tiraria partido libidinoso disso seria o celibatário padre de uma freguesia que só tem homens brutos e duas gémeas idosas de 76 anos? Serão essas duas gémeas idosas em fato-de-banho a passear à beira de água? Serão os grupos de parvos alegres que entram na água a fazer sequências aeróbicas capazes de envergonhar Nadia Comaneci? Serão os tristes monitores de ginásio, com mais anabolizantes no corpo do que a pior loja de contrabando da espécie em Portugal, a passearem-se de tanga, também à beira de água? Serão esses mesmos tristes monitores de ginásio a cruzarem-se com as duas gémeas idosas e a cometerem um duplo crime de homicídio involuntário? Será a variedade de objectos estranhos a flutuar no mar? Será o medo de revelar a estranha origem ou a composição desses mesmos objectos? Serão as vezes em que corremos risco de vida porque chapéus-de-sol voam numa magistral sequência de destruição, com o bico dos mesmos pronto a espetar-se no peito de um pobre coitado que está deitado na toalha e já é apelidado de “A Lagosta Humana”? Será a visão dantesca de ter uma senhora com um peso em ordem de marcha de 137 kg, a correr na nossa direcção para nos pedir desculpa por não ter colocado o chapéu-de-sol com segurança e a depositar as culpas no marido, um empresário de porcelanas de casa de banho que pesa apenas 48 kg? Será a hora e meia de conversa que essa senhora nos dá, quando nós já reviramos os olhos e choramos? Serão as bolas de futebol/voleibol/râguebi/(daquelas pesadas que os emigrantes trouxeram para cá, cujo objectivo é acertarem ou ficarem o mais perto possível de uma esfera muito pequena) perdidas que voam sempre, mas sempre, mas sempre, na nossa direcção, mormente na direcção das nossas cabeças? Será o facto de eu sair da praia e pensar que o dia de tortura acabou e que algumas horas depois vou escrever o maior post que alguma vez escrevi?
Talvez.
É verdade, depois de um longo interregno este escrivão que tanto mal fez à comunidade blogiana/bloguesca/blogueira/bloguiante está de volta, mais parvo e audaz – bem, audaz não será bem o termo (termo de sopa?) mas serve – do que nunca. E olhem que o ‘nunca’ não me chega aos calcanhares. …bem, está dita a piada estúpida do dia.
À questão - “o português gosta de praia?”, respondo não. Para mim, o típico português, indivíduo caucasiano de pele copinho-de-leite, bigode farfalhudo e barriga proeminente apenas se passeia pela praia para exibir as tatoos feitas na loja “Oriente-se” do Centro Comercial Colombo. Aquelas que têm um coração com forma de bílis e que por baixo têm escrito, a um azul muito feio, os ditos: “Amor de mãe”, “amo-te Anabela” e, claro está, as já clássicas alusões a países africanos – sítios nos quais nunca estiveram.
O que me faz dissertar sobre a praia?
Serão os gritos de putos nus (não sei se por prazer dos pais ou se por falta de dinheiro para comprar uma cueca ao rapaz) que na cara já misturam o ranho seco com algas e areia molhada? Serão essas mesmas crianças que, quando estamos deitados na toalha a receber o tão desejado e saudável iodo, passam por nós a correr e a única coisa que nos ocorre é correr para a água para tirar os 3,5 kg de areia que temos no corpo? Serão os geniais pregões dos vendedores ambulantes de gelado? (meu Deus, os desgraçados daqui a uns tempos têm de vestir gabardina. Nunca vi gente tão vestida na praia como os vendedores de gelado. Penso que o patrão desses senhores a cada dia pensa: - “hum, que roupa devem os parvos vestir hoje?... já sei, um anorack!”.). Serão as numerosas famílias de emigrantes luxemburgueses, cuja principal actividade na praia é comer e chamar pelo filho Jean Pierre uma vez e, quando os nervos já estão à flor da pele depois de tanto o advertir, chamar o mesmo filho mas pelo nome de João Pedro? Serão as desconcertantes e feias senhoras que teimam em fazer topless e que a única pessoa que tiraria partido libidinoso disso seria o celibatário padre de uma freguesia que só tem homens brutos e duas gémeas idosas de 76 anos? Serão essas duas gémeas idosas em fato-de-banho a passear à beira de água? Serão os grupos de parvos alegres que entram na água a fazer sequências aeróbicas capazes de envergonhar Nadia Comaneci? Serão os tristes monitores de ginásio, com mais anabolizantes no corpo do que a pior loja de contrabando da espécie em Portugal, a passearem-se de tanga, também à beira de água? Serão esses mesmos tristes monitores de ginásio a cruzarem-se com as duas gémeas idosas e a cometerem um duplo crime de homicídio involuntário? Será a variedade de objectos estranhos a flutuar no mar? Será o medo de revelar a estranha origem ou a composição desses mesmos objectos? Serão as vezes em que corremos risco de vida porque chapéus-de-sol voam numa magistral sequência de destruição, com o bico dos mesmos pronto a espetar-se no peito de um pobre coitado que está deitado na toalha e já é apelidado de “A Lagosta Humana”? Será a visão dantesca de ter uma senhora com um peso em ordem de marcha de 137 kg, a correr na nossa direcção para nos pedir desculpa por não ter colocado o chapéu-de-sol com segurança e a depositar as culpas no marido, um empresário de porcelanas de casa de banho que pesa apenas 48 kg? Será a hora e meia de conversa que essa senhora nos dá, quando nós já reviramos os olhos e choramos? Serão as bolas de futebol/voleibol/râguebi/(daquelas pesadas que os emigrantes trouxeram para cá, cujo objectivo é acertarem ou ficarem o mais perto possível de uma esfera muito pequena) perdidas que voam sempre, mas sempre, mas sempre, na nossa direcção, mormente na direcção das nossas cabeças? Será o facto de eu sair da praia e pensar que o dia de tortura acabou e que algumas horas depois vou escrever o maior post que alguma vez escrevi?
Talvez.
6 Comments:
ahahahahhahahhaahahahahhahahahahahhahahahahaha... a praia é assim.o microcosmos...
eu ainda estou de férias bloguescas/bloguianas... num dia de inverno regressarei (ou de outono, ou então pode mesmo ser ainda no verão)
E ainda existem aqueles que levam o coelhinho e os que montam um 'bunker' e os que caem nos buracos escavados pelos putos e os que levam as bóias representando pneus e melancias e os que levam as toalhas com o mapa do Algarve e os que formam uma fila à beira-mar quando alguém se está a afogar, dizendo 'Pois, vão lá prá frente, depois admiram-se.' e os que levam os cãezinhos e os jogam com aquelas 'raquetes' de velcro e a água duvidosamente quente...Ah, como eu adoro a praia...
Eu cá gosto de praia :)
Melhor do post: "gritos de putos nus (...) que na cara já misturam o ranho seco com algas e areia molhada"
Acabei de entrar no site, ainda não li o texto, mas vendo-te activo no radioactivos, pergunto-te aquilo que já ia fazer numa SMS: Então, sempre foste ver o Jamiro?!
Tou a ler e na parte do 'Jean Pierre, tive de vir aqui fazer outra pergunta:
A Sara contou-te alguma história quando tivemos no Porto?!
adeus para sempre para as não respostas.
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