sexta-feira, março 03, 2006

Eram dois cafés e uma posta de garoupa grelhada, fáxavôr

É com gáudio, alegria e alguma parvoíce à mistura que estou de volta. Este “de volta” não é um “de volta” de andar às voltas. Isso seria parvo. Também não estou de volta qual D. Sebastião, até porque hoje não está nevoeiro e acabou-se aqui e agora o meu tempo para fazer piadas deste calibre. Assim… más!
O Primavera no Chumbo do Matraquilho orgulha-se de se debruçar sobre um assunto que marca a actualidade. Algo que é do interesse geral dos leitores. Algo que transforma a nossa sociedade. Algo que está incutido nas mentes dos maiores pensadores do nosso tempo. Algo que (sim, já chega de algo).
O café. Que obsessão é essa? O português não vive sem o café, pois não? Não, respondam-me, enviem sugestões. Aquele que um dia bebeu uma chavená de café nunca mais foi o mesmo. Por vezes deparo-me com a seguinte situação: ao almoço, com outras pessoas, ainda nem o arroz de tomate com os jaquinzinhos fritos acabámos de comer e já um ou dois dos presentes na mesa estão a vociferar uns quantos ditongos, com os olhos esbugalhados: “café… t’mar café… humm… c’fé… ped’os cafés… PEDE OS CAFÉS!!... QUEM É QUE QUER CAFÉ?” Os gritos de desespero já se assemelham aos de qualquer cidadão português ao ver a série televisiva “O Trio Maravilha”.
Relato aqui uma história que se reveste de algum suspense e de muitas gotas de urina perdidas neste preciso momento. Ora bolas pá, lá vão mais umas calças para lavar. Sim, sim, adiante.
Na demanda por um pequeno-almoço, entrei num pequeno café de bairro, na bela e pacata localidade de Moscavide. Desde já reforço a beleza daquele local. É belo. Para que conste, nesse dia resolvi andar de olhos fechados. Continuando.
Ao entrar no café, já ele cheio de autênticos menir’s humanos. Menir’s? Passo a explicar: as mulheres com mais de 64 anos que moram em Moscavide, além de serem pesadas (na totalidade), comportam todo o seu peso na zona da cabeça, sendo que a laca gasta por dia é de quase duas (mil) latas. O aerosol produzido nas casas-de-banho destas pessoas chega para destruir a camada do ozono em menos de dois minutos. Claro que isso não acontece porque a porta e a janela da casa-de-banho está fechada. Adiante. Cada cabeça daquelas, usadas, entre outras coisas, para partir nozes, pediu o seu pequeno-almoço ao Sr. “João” (usaremos um nome fictício, não por respeito ao empregado de balcão, mas mesmo porque não me lembro do nome do homem). Enquanto a D. Maria Antónia pedia o seu galão e o seu pastel de nata, o Sr. João estava já a atender a D. Josefa (que tinha pedido um garoto e uma fatia de bolo de cenoura), enquanto perguntava à D. Clementina como tinha corrido a operação da extracção de casca. AHAHAHAHAHAHAHAH!!! (Clementina = citrino… “extracção de casca”)… ai, que piada! Genial.
Retomando a odisseia, enquanto o Sr. João atendia estas três criaturas, servia um copo de diurético ao adolescente seboso e porco que acabara de chegar de um jogo de futebol, fazia a conta da D. Manuela (que havia encomendado seis dúzias de sortidos húngaros – talvez o melhor bolo do mundo) e registava o meu pedido, teve tempo ainda de tirar o copo de leite do microondas para a D. Felisberta, que já tinha tirado a dentadura para poder comer o gigantesco queque. Enquanto fazia o meu pedido, o Sr. João revelava-se como o Flash Gordon do Café. Este homem conseguia, por detrás do balcão, mover-se a uma velocidade sobre-humana. O olho humano quase não conseguia acompanhar. Nunca esquecerei o momento em que paguei o meu pequeno-almoço com uma nota de dez euros e o Sr. João a recebe com a mão que segurava um copo de leite com chocolate e, na outra, uma fatia de filhós. Ao mesmo tempo, João conseguia registar o pedido na máquina registadora e conferir o troco. Este é, de facto, o Obikwelu da Restuaração, o Speedy Gonzalez do Pequeno-almoço. Palmas para o Sr. João.
Palmas para mim. E palmas para todos nós. E palmas para quem lê isto. Haja gente paciente e com tempo livre nas mãos.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

1ºAinda bem que estas de volta!! =)
2º Eu consigo viver sem café!
3ºTens que me dizer qual e esse restaurante que vende jaquinzinhos, para eu fazer queixa a policia maritima e protecçao dos animais...lol...
fica bem
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1:38 da tarde  

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